Mariângela era uma mulher muito triste. Ela era espancada constantemente por seu marido. Mal engravidava, logo sofria um aborto, devido às surras que levava.
Ela então teve uma melancólica ideia, de realizar um ritual para que seus filhos abortados não morressem.
Colocou chumbinho na comida do marido, e enquanto ele agonizava e morria, ela com uma tesoura arrancou o olho dele.
O olho do pai dos bebês era a parte primordial para o feitiço dar certo. Também algumas flores coletadas na vizinhança, e fios de cabelo dela própria, que é a mãe.
Colocou todos os ingredientes em água fervente, mexeu, e logo em seguida engoliu tudo até a última gota.
O ritual deu certo, e de seu útero começou a crescer um galho, que foi saindo para fora dela. Porém no lugar de folhas vivas, no galho seco haviam os rostinhos de todos os bebês perdidos. E eles choravam.
Mariângela ficou feliz e triste. Feliz por finalmente ouvir o choro de um bebê seu. Triste por perceber que o ritual não era o que ela estava esperando...
Foi uma triste tentativa...
Por fim, com muita dor no coração, ela engoliu um por um dos rostinhos dos bebês, e se matou.