Você não entende
E não sou capaz de
Te fazer entender
Então me desculpa
Se minha sabedoria
Te soa como insanidade
Tal qual cada ferimento
Que inflijo em sua carne
Me parece um excêntrico
Quebra cabeças reverso
Que desvendo conforme
Te despedaço devagar
Enquanto seu sangue se esvai
Entre golpes e gritos...
Existe mais sentido
Na primazia do caos
E na carnificina ardente
Dessa dança colérica
Regida por um bailar
De cortes e sorrisos
De desespero e sofrimento
Do que em mil anos dourados
De uma paz cadavérica
Tão falsa, frágil e insossa
Quanto sua vida agora
Destroçada como um sonho
De um feto abortado
Com uma agulha de tricô
Violando um útero preenchido
Com algo totalmente descartável
Tal qual você e eu...
Minha violência soa poética
Em todo seu corpo
Os versos da mutilação
Me arrancam lágrimas diabólicas
Há melodia nos seus gritos
Ecoando abafados na noite...
Somos feitos um para o outro:
Eu nasci para te matar,
Você viveu para promover
O renascer da fênix escarlate
Vinda do próprio Inferno
Que habita em cada mundo
No interior de todos nós.
Pena que você nunca sentirá
A epifania da monstruosidade
Pelo lado de cá da lâmina
Nem jamais saberá
O orgasmo gastronômico
Que seu cadáver pode proporcionar
Durante uma noite tão perfeita
Quanto seu olhar derradeiro
Antes de dançar com o Demônio
Sob a luz do luar...
Gratidão.