A fome é negra, o sangue é rubro.
A paz é santa, a pomba é branca.
O negro corre do branco sujo.
O rico morre, o pobre dança.
O som que move,
a multidão que é surda.
Na calada da noite muda,
o preconceito ainda ajuda,
a içar bandeiras que insuflam,
rebeliões absurdas.
O relógio aponta o meio dia,
a fome é tanta e a marmita vazia.
O ódio aflora,
o pedreiro xinga.
O nó no peito, a faca atira.
Matando o negro na tarde fria.
O sangue é rubro do negro morto,
nas mãos do branco naquele dia.