Finalmente, após cinco longos anos de estudo, eu finalizei o meu pós-doutorado pela universidade Stephen Astraeus. Meu professor, Isaac Neil, me guiou por todo processo de estudo, e após ler a versão finalizada de minha tese, intitulada; “O Caminho Em Direção A Auto Evolução Da Inteligência Artificial”, meu professor se demonstrou extremamente impressionado pelo meu trabalho, e me parabenizou dizendo: “Realmente você se superou, parabéns, Haw!”. Os demais acadêmicos não se interessaram pelas minhas ideias, entretanto, não vou deixar seu desinteresse me abalar, pois, a aprovação de Isaac já é o suficiente para que eu continue a explorar os limites do que o homem pode criar.

Nesta noite, eu me deitei com um sentimento de realização, porém, meu repouso foi interrompido, abruptamente, pelo barulho detestável do toque de meu Smartphone.

— Alô! — Digo com a voz sonolenta, esfregando os meus olhos inchados.

— Alô… Alô… Haw… — Diz a voz vinda do aparelho, cortando as palavras em meio a estática.

— Alô! Quem é? — Digo, procurando saber quem é esta pessoa misteriosa.

— Haward! Está me ouvindo. — Diz a voz, eu a reconheço, imediatamente, como a de meu mentor.

— Senhor Isaac, estou ouvindo! É um pouco estranho o senhor me ligar, principalmente, a esta hora da noite… — Digo ao meu professor, que subitamente me interrompe.

— Realmente, porém, este assunto deve ser tratado imediatamente. — Diz meu mentor, eu apenas o escuto. — Adamantine, a empresa de robótica em que trabalho, está criando algo… — Meu mentor faz uma pequena pausa, como se estivesse escolhendo as palavras corretas para dizer. — Algo revolucionário, nós o chamamos de: Hephaestus, o forjador do mundo futuro! — Diz Isaac, o entusiasmo em sua voz é evidente. — Por anos eu ando trabalhando secretamente nele, como pesquisador chefe do pequeno grupo a cargo de desenvolvê-lo. Por muito tempo, espero pela oportunidade de expandir minha equipe, porém, nunca encontrei nenhum aluno que julguei confiável e inteligente o bastante para me acompanhar, a não ser você Haw! Acredito que você seja a última peça que precisamos para concluir este quebra-cabeça. — Diz meu professor, terminando sua explicação.

— Bem… seria uma honra participar deste projeto com o senhor! — Digo, após alguns segundos de silêncio.

— Ótimo meu rapaz, ótimo! Hoje, mais tarde, ao nascer do sol, eu irei buscá-lo em sua casa. — Diz meu mentor, desligando o telefone.

Guardo meu Smartphone e me deito, pouco tempo depois, o sol nasce. Ainda cansado, eu me arrasto para a cozinha e preparo uma xícara de café.

Me debruço sobre a janela do meu pequeno apartamento. Conforme observo os prédios cobertos por letreiros holográficos, começo a dar pequenos goles no meu café.

Me impressiona o quanto o mundo havia evoluído em tão pouco tempo. Cem anos atrás, a tecnologia deste século seria vista como algo inalcançável, como as estrelas no espaço. Os autómatos realmente mudaram a maneira com que a humanidade vive sua vida diária.

Alguns minutos se passam e o carro de meu mentor se torna visível no horizonte, claramente, este é um modelo recentemente lançado, fabricado pela empresa que governa o atual mercado de eletrônicos mundial, Adamantine, meu futuro local de trabalho.

Ao entrar no veículo, Isaac se recusa a me explicar o que seria este “Hephaestus”. Ele apenas me diz que é algo novo, algo que revolucionará a nossa civilização, assim como o fogo fez com nossos antepassados.

Isaac segue para o grande arranha-céus, a torre mais alta e brilhante de toda cidade. Quando adentramos na imensa estrutura, vamos direto para o elevador. Permaneço em silêncio, sabia que meu mentor não falaria publicamente sobre este projeto, então contenho minha curiosidade e apenas o sigo.

Ao entrarmos no elevador, Isaac aperta uma sequência específica de botões “0100”, uma pausa, “0010” e o elevador começa a descer.

— Não sabia que este prédio possuía um subsolo. — Digo surpreso, enquanto os números desenhados sobre o visor descem. -4, -5, -6.

— Não possui, pelo menos, é o que a maioria das pessoas acha, tirando o supervisor deste prédio e a equipe que trabalha em Hephaestus, ninguém sabe sobre o laboratório no qual trabalho. — Diz meu mentor com um sorriso em seu rosto envelhecido. -16, -17, -18.

— Pensar que algo assim… está escondido debaixo do nariz de todos… é um pouco assustador, não acha? — Digo impressionado. Nunca iria imaginar que a torre de néon possuísse uma sessão subterrânea. -24, -25, -26.

— As grandes empresas mantêm seus projetos inovadores em sigilo, isso é um fato! Foi um parto convencer o supervisor deste setor a me deixar contratar outro pesquisador. — Diz meu mentor, franzindo sua testa. O supervisor, pelo que me parece, é uma pessoa difícil de se lidar. -32, -33, -34. — Porém, no final de nossa longa conversa, eu consegui convencê-lo. — Continua meu mentor, com um tom de orgulho em sua voz. -38, -39, -40. — Bem, agora felizmente nossa conversa se encontra no passado. — -42. — Haw, eu gostaria de lhe apresentar ao futuro! O quadragésimo segundo laboratório, onde Hephaestus nasceu e onde ele irá evoluir até alcançar todo seu potencial latente. — Diz meu mentor, conforme o elevador para de se mexer e as portas metálicas se abrem. — Vamos! — Diz Isaac, gesticulando para eu segui-lo.