Era uma pessoa. Se homem ou mulher, pouca diferença fazia. A parte importante é que era uma pessoa ligada, conectada, dentro da bolha, em comunhão no mundo artificial como todo o mundo. Lá, a pessoa tinha um reflexo e chamava-o de vida, distante de todos, também chamava outras pessoas que mal conhecia — gostos, desgostos, quem eram de verdade? — de amigos.
Um dia, aquela pessoa parou e pensou — e até então nunca tinha parado para pensar — e viu que existia um mundo, concreto, não só um reflexo atrás de uma tela, e como seria bom estar junto dos amigos e conhecê-los, sem nada de falso, naquele mundo! E aquela pessoa se desconectou, saiu da rede, nadou livre e caminhou, e descobriu, olhando o horizonte, que estava sozinha no mundo.