Chico tem muitos apelidos (em sua grande maioria, dados por mim): nuvem de fim de tarde, aurora da minha noitinha, o garoto de riso celeste. Nenhum deles chega aos pés de sua magnitude, nada poderia explicar ele e o amor que sinto por ele, nem nossos beijos trocados nos mais bonitos luscos-fuscos.
No lusco-fusco, pois seu amor é crepuscular, bonito feito o céu de uma gelada manhã ou de um anoitecer quentinho. Quentinho mesmo é seu abraço, que me conforta feito tarde ensolarada. Sua risada é raio de sol e quando canta em meu ouvido, sejam versos de amor, seja uma canção que ouviu mais cedo e gostou, faz uma primavera no meu peito. Primavera, pois é quente e doce e traz a promessa de algo mais quente e ensolarado: verão.
Seu amor promete verão, pois não entrega tudo que tem no peito de uma vez, deixa sempre aquela ansiedade e o gostinho de quero mais feito picolé num dia quente. Tem gosto de amor de verão, intenso e passageiro, mas não passa; fica. Chico fica, e ficando te faz querer ficar cada vez mais.
E cada vez mais quero ficar com ele, só nós dois sob as estrelas ou sob a estrela, seja de noite ou de dia. Mãos dadas, olhos nos olhos ou na abóbada celeste, tanto faz. Seus olhos brilham tanto quanto as estrelas, senão mais. Não é um brilho que cega, daqueles que faz meus olhos tão sensíveis à luz enxergarem galáxias manchando a visão. É um brilho só deles, que jamais vi em lugar nenhum senão em suas orbes deíficas.
Deíficas, pois tudo sobre Chico parece vir diretamente do céu: seu rosto, suas risadas, seu toque. Seu amor é etéreo e sentir seu amor é o próprio paraíso, aqueles de animação infantil com nuvens bem fofinhas. A única diferença é que neles as nuvens são branquinhas; as de Chico são rosinhas feito o fim dessa tarde, iguaizinhas àquelas que nós dois encaramos no horizonte enquanto eu me perco de novo pensando em como seu amor é divino.
Divino, pois Chico é meu anjo. Anjo este que tem um fascínio pelo céu e por isso desde que esbarrei nele, ele voando com suas asinhas de anjo e eu com as minhas de borboleta, olhamos o azul juntos. Ele, rosa, eu, marrom. E assim vem mais um entardecer e meu estômago cria mais borboletinhas esperando pelo próximo beijo no lusco-fusco.