Detesto lamentações. Detesto esse sentimento de olhar para si como alguém que sofre, que dói, que pena. Detesto o trono da vítima.
Talvez seja por isso que detesto reclamar e compartilhar minhas dores. Talvez por isso eu fique mais confortável cuidando de mim sozinho, sem necessariamente compartilhar esse meu lado negativo.
Esse lado que dói, que sofre, que pena. Esse lado tão sufocado dentro de mim que, ao mesmo tempo que reconheço, gostaria que não existisse, sumisse, desaparecesse de mim.
Sem ele, eu não precisaria admitir para mim mesmo que sou tudo aquilo que mais desprezo. Não precisaria admitir que me jogo no chão, esperneando quando algo não acontece como eu espero; Que me assusto fácil demais, nem mesmo um passarinho pode se aproximar sem que me cheguem lágrimas de terror pelo movimento súbito; Que me irrito com qualquer coisinha fora do lugar e que grito inconsequências na minha mente para todos que não fazem assim como eu planejei dentro de mim.
Detesto lamentações, portanto esse monólogo me deixa extremamente desconfortável. Não quero olhar para minhas lágrimas, não quero que eu mesmo me julgue fraca por ter fragilidades, mesmo que minha razão continue apontando que quem sustenta o olhar da fragilidade, em nada é frágil.
Detesto lamentações. Gostaria de poder chorar toda angústia dentro de mim e deixar de sentir tudo isso.
Tal monólogo não tem uma conclusão inteligente que te faz pensar que tudo vai ficar bem no final. Tal monólogo é apenas o vômito de uma limpeza psicológica que me ocorre diariamente, mas você ainda pode pensar em como isso pode funcionar para você, de qualquer forma.