Desculpa por ser assim.
Esse jeito complicado, fora do normal. Ou melhor, normal de mais.
Pra você parece simples, eu sei, enquanto para mim? É mergulhar em uma piscina fria. Por isso, eu entendo. Não desejo que espere por mim, pois eu sou assim, caminho em passos lentos. Enquanto você está na pista de corrida, eu me encontro em areia movediça, minhas pernas estão presas, congeladas, eu não posso... E não quero correr, não agora.
Não desejo que me entenda, apenas que me perdoe. Você é lebre, eu não. Sinto muito por ser assim, mas precisa ser. Não é culpa sua. Mas parabéns, eu sei como lutou para chegar aonde está agora. Mas ainda assim, me desculpe, por tudo. Enquanto para você isso é uma queimadura de sol cicatrizada, para mim é uma de terceiro grau. Para você, não passa de um “engasgo”, enquanto eu me afogo. É assim que eu funciono: lenta e intensa. Repito a dizer, não é culpa sua. Muito menos minha. Mas de alguma uma forma, é nossa. Eu te perdoo, e preciso que me perdoe. Não posso mais pensar em ti, por isso deixo para trás qualquer pensamento que eu tenha sobre você.
Meu futuro.
Sim, é para você que estou escrevendo. Ou melhor, para mim. “Eu” nos próximos dois minutos, ou cinco... ou sete anos. Chegará rápido, estaremos juntas novamente, mas até lá suas decisões não podem pesar sobre mim. Por isso, eu escolhi viver, somente viver. Cada intenso minuto.
Quando eu quiser correr, o farei, mas também não me culparei por diminuir os passos. Somos diferentes. Porque estou em constante mudança, não sou mais a mesma do primeiro parágrafo, nem serei ao final desse texto. Então, resolveremos, pouco a pouco, quando enfim, estivermos juntas.