Li muitas vezes que a saudade é a personificação do amor, que o fato de a sentir nos torna humanos. Pintam-na como a mais bonita das emoções, a mais sincera. Mas te digo, a única sinceridade possível quando falamos sobre tal sentimento é a devastação.
Saudade dói, machuca e destrói. É o tsunami que destrói meu coração e o terremoto que sacode todo meu corpo. Mas de todos os fenômenos, o mais destruidor é o saber.
O saber que a ventania corre para longe de mim, que o acalentar do seu abraço agora percorre o corpo de outra pessoa, que o seu coração está longe e em outras terras, outras mãos. Talvez a minha tempestade de emoções o tenha afastado, talvez a areia tenha nos cegado os olhos ou, até mesmo, você tenha se cansado de um litoral tão movimentado e destrutivo. Desculpa. Mas o que fazer se quando partiu, levou consigo toda a alegria da cidade? Nesse coração percorriam pessoas, o sol irradiava. Agora, só possui fogo e água. Ruas banhadas pelas lágrimas, olhos inundados e uma boca seca. Mas o estômago em brasa, toda vez que me lembro de você. Talvez as borboletas tenham sido incineradas...