Treze desejos de Halloween II
6 de Janeiro
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 22/10/22 22:56
Editado: 22/10/22 23:01
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 4min a 5min
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Palavras: 701
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

É.

Capítulo Único Treze desejos de Halloween II

Acho que se eu tivesse coragem de voltar a escrever sujeiras, eu gritaria menos durante o dia inteiro.

É só eu ficar sozinha em casa sabe, bumm, vem toda a sujeirada, gritos, berros, rosnados, socos, chutes, tudo pelos ares, menos a mobília, eu me seguro para ficar intacta.

A vizinha me chamou de boca santa.

Justo a porca que parece que espanca as crianças todos os dias.

Eu não sei, sabe... Fazer de tudo para ser calma, serena e boazinha, vem me deixado tão, tão, TÃO enfurecida.

Eu aperto minhas mãos e abaixo meus punhos, com força, se eu tivesse unhas, perfuraria as palmas das mãos.

Queria poder levantá-los pro céu.

Ou, despejar socos em todo mundo que eu acho que merece.

Mas fui ensinada e dar a merda da outra face, a resignar, a agradecer, a ser calminha, a ser gentil, e boazinha, e a sorrir, e a ser submissa, e toda essas coisas suuuper legais, bacanas, enriquecedoras.

Uau, tudo muito demais.

Por um lado, sou completamente assim, por mais que eu tente ser diferente, mas por outro lado, algo quente, nojento,podre, se apossa de meus nervos.

Isso existe, está aqui.

Bem guardadinho... Mas vem saindo pra fora, junto com os tics, junto com as palavras, junto com as expressões faciais, e o tom da minha fala.

Eu não consigo mais compreender sentenças que não são 100% objetivas, detalhadas e claras.

Eu não tenho mais paciência, se tudo o que eu fizer ou tiver de fazer, não for do meu jeito.

E isso vem sendo horrível.

Eu já fui diferente, já fui melhor, agora estou apenas fazendo o possível para conter as chamas.

A uns anos atrás, eu orava e chorava e me ajoelhava até doer, noites e noites, implorando para Deus tirar tudo isso de mim.

Mas nunca tirou.

Talvez tudo isso tenha um propósito, na lógica Dele.

Me castigar e torturar pra sempre por um sentimento que não controlo e só me faz piorar a cada dia que passa?

Me tornar pura e santa e imaculada, e perfeita, e linda, e maravilhosa e um orgulho sem igual?

Isso não é humano.

Continuo não acreditando em nada do que eu gostaria de acreditar, NADA. Em todos os aspectos desta vida. Tudo se contradiz, eu só pioro e só vejo tudo piorar.

A EU de amanhã, vai sentir vergonha deste texto, vai torcer pra família não ler, pois aí eles saberiam, saberiam que "nunca esteve em mim", como um deles disse, com desprezo, uma vez.

Mas eu me forço pra "estar em mim", em algum lugar, me esforço para que o Bom, tome conta de todo meu corpo, me liberte dessa prisão "vulgar" da qual nunca escapei.

É tudo mais que ambíguo.

Nada satisfatório.

E, tem aquela voz, que me acolhe e me diz que:

Poderia me juntar à revolução armada e tirar o molusco do poder.

Poderia ficar rica do nada, voltar a ignorar tudo.

Poderia desejar um desejo de Halloween, e fazer acontecer.

Poderia só dizer FODA-SE tudo, e viver como eu quero realmente viver.

Poderia me fazer de sonsa, burra, boba, pacifista, me vestir só de roupas caras feitas por mulheres e criancinhas que passam fome na ásia, bonitinha, legal, fashion, sexy, ser isenta de responsabilidade social, me isentar, isso.

Deve ser um paraíso, a mente dessas pessoas.

Deve ser bom demais, não se importar.

A ignorância é uma benção.

Uma benção, que não me Deram.

É aterrorizante viver, só isso.

Passo a maior parte dos dias me enganaNdo, recapitulando, tentando equilibrar pratos, fazendo meu papel na guerra fria, tentando não estreitar laços, tentando reconectar os que querem se partir, tentando me manter calma, feliz, grata, satisfeita.

Respiro fundo.

Se eu respirar mais fundo explodo.

Acho que ninguém mais da minha família me aceitaria como eu sou, apesar de eu os aceitar como são.

A voz na minha cabeça, diz que eles não importam.

Mas importam, muito.

Me tornei muito muito pesada, sempre reclamando, sempre com medo, sempre precisando de ajuda, sempre com dúvidas, sempre apavorada - vão me pegar! Quem, quem?

O que estou fazendo para ser pega?

Felizmente ou não, nada.

Mas vão me pegar, vão me pegar.

Eu tenho um desejo incomum de Halloween: silêncio.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Ando bem boca suja. Sempre andei assim.

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