Sempre disse que gostava mais do inverno; menti. Gosto da sensação de me sentir aquecido, dos meus gélidos dedos se tornando calorosos, do quentinho se espalhando pelo corpo todo. Talvez por isso eu goste tanto de você, meu sol, e das brisas veraneias que você traz consigo.

As brisas de nenhuma outra estação se comparam às suas: as da primavera não são tão quentes e acolhedoras, as do outono são geladas e no inverno não há brisa, apenas um vento intenso congelante. No seu verão, a mais quente e vívida estação, a brisa é quente, colorida, cheia de vida e de suas risadas sinceras.

Ah, como eu amo te ouvir rir, meu sol. Me parece que quanto mais gargalha, mais raios de sol saem de você, esquentando mais e mais o clima. Talvez eu confunda as coisas, pois quando estou com você meu coração esquenta, por isso eu te chamo de sol. Quando está comigo, quando vejo seu rosto, quando seus dedos quentes tocam os meus gelados e você os segura com mais força, quando essas pequenas e grandes coisas acontecem eu me sinto no verão. Você é minha brisa de verão.

Entretanto, as estações sempre precisam passar, assim como os dias, que se acabam em noites. O sol também precisa partir e descansar no céu para que possa brilhar tão suntuosamente num outro dia. Após sua partida eu me sinto no inverno.

A neblina cai densa, mal posso ver um palmo à minha frente. O vento, gelado, corre rápido, gélido e lancinante, arrepiando-me e tirando a sensação de calor que tanto gosto. Pressinto que a neve cairá logo, a rainha branca impiedosa e imponente, vejo as árvores e flores murcharem, tudo morre, fica cinza, branco e preto, sem vida. Eu, na verdade, odeio o inverno.

Mas, mesmo nesse inverno violento, não me abalo totalmente. Sei que o verão irá voltar, que o sol voltará a brilhar, que o calor retornará para a ponta dos meus dedos e que tudo virá quando você soprar de novo, minha brisa de verão, me embalando em seus braços calorosos.