A vida é hipocondríaca,
As pessoas são falsas.
O sangue é sujo,
O asco reina, execrável
No âmago de cada depravação,
No recôndito insano da (in)consciência...
Doce como as flores que expelem veneno no perfume,
Cruel como a chuva de enxofre que queima
E desconfigura os rostos e as emoções humanas.
Viver é morrer.
É se afogar continuamente
No repulsivo ar que respiramos.
De lágrimas de sangue purulento
E saliva fétida, somos feitos...
O corpo exterioriza a alma, abominável.
Nada é mais gostoso do que
Arrancar com as unhas pretas e os dedos necrosados de frieira,
Os olhos angustiados daqueles que temem pela morte.
Afinal, o que os olhos não veem...
O coração sente com maior intensidade:
Violenta, suja e deplorável.
Sinta o nojo gosmento da imundície
Dos fungos que se proliferam entre as dobras do corpo;
Chupe o pus que escorre das unhas encravadas de ódio;
Dilacere a carne podre com teus dentes;
E sofra excruciantemente
Até conseguir afundar na lama
Para beijar os lindos ossos imaculados.