Sinto falta de sentir aquilo. Aquilo, sabe? Não sei explicar. Não tem palavra no mundo que explique aquele sentimento, aquilo que sinto no sol das 10h, toda vez que vejo uma vejo a serra cheia de quaresmeiras floridas, durante toda primavera. Aquilo que eu sentia quando minha falecida tia ainda estava aqui, quando ela tocava músicas que eu nem gostava no violão, mas eu cantava alto junto mesmo assim porque gostava de cantar com ela. Que sinto quando minha prima vem me visitar e a gente brinca de qualquer coisa boba, feito duas crianças. Aquilo que eu lembro toda vez que ouço Wave to earth ou o som das folhas das árvores chacoalhando sobre o vento, que me lembra de quando acordo e a primeira coisa que escuto são os passarinhos. Também queria sentir de novo aquilo que senti quando aquela borboleta pousou em mim aquele dia. Não sou boa com palavras, nem com sentimentos. Talvez um dia o dicionário das tristezas obscuras ou algum escritor melancólico saiba explicar o que é isso, ou pelo menos a saudade de sentir isso. Mas sinto falta daquilo, e nem mesmo as emoções novas conseguem repor a falta que sentir isso me faz.