Haviam alguns lugares onde Rina preferiria estar naquela sexta a noite, mas havia aceitado o convite da reunião de sua antiga turma de escola porque achou que seria uma forma de juntar o útil ao agradável, dois coelhos numa cajadada só. Por isso, aguentou estar junto das pessoas que julgava serem insuportáveis dez anos atrás (e que muito pouco, senão nada, haviam mudado nessa década).
Como de costume, a sua câmera “de estimação” estava junto dela e, no momento onde os ânimos dos 15 entusiastas de falsas nostalgias estavam no ápice, ela quis reunir todos para uma foto. Entusiastas de falsas nostalgias adoram fotografias, ela sabia, eles sabiam, por isso não tardaram em correr todos juntos, se abraçando e gargalhando esperando pelo grande momento do flash. Ela também esperava por ele.
Rina se ajeitou, ajoelhando para pegar o melhor ângulo, um onde todos caberiam na foto. Todos se espremeram em frente ao mural feito de última hora onde uma cartolina (muito da amassada) gritava à canetinha laranja: “Reunião da turma de 99” e “Halloween” com uma jack-o’-lantern bem capenga desenhada. Rina sorriu, segurando a câmera mais forte antes do click.
— Digam xis!
— Xis!
Click. O flash da câmera antiga fez um clarão que preencheu a sala e que, quando desapareceu, deixou apenas Rina, a câmera e a música alta e insuportável no ambiente de festa decadente numa luz neon rosada que ela não sabia de onde vinha. A loira suspirou aliviada e acariciou o objeto como se fosse vivo, constatando a aquietação. Não era fácil manter uma câmera devoradora de almas, mas ela teria um bom tempo de descanso depois dessa noite. Havia juntado útil ao nem tão agradável assim.
Antes de ir embora, pegou uma garrafa de soju esquecida fechada (talvez por milagre), ninguém iria beber de qualquer forma.