É bom revisitar meus antigos poemas tristes
Minhas antigas casas
Meus antigos amores
E dores
Revisitar minha pele morta
A bagunça que existia dentro
Revisitar a miséria
Revisitar a tristeza
Olhar bem fundo no cerne de cada uma dessas coisas
E ver uma menininha transpirando que corre
E brinca
E patina e cai
E levanta e mostra a língua
É UM PRAZER
Revisitar a minha ruína
Bater no ombro de cada um dos demônios
E sorrir
E ver que nenhum deles é mais real
E ver que o caminho está começando a se expandir
Nós vencemos Aninha.
A vida está sendo gentil.
Não podemos deixar o sangue no olho secar
Vamos continuar fazendo do ódio fogo
Tudo que é meu, eu não perco jamais
Não aceito menos do que já tenho
E estou em busca de muito mais
Se algo que é meu, se perde no caminho
Eu atravesso a lama de salto alto,
Cavo entre os espinhos
E resgato o que eu amo.
Eles não sabem que nós temos esse poder
Aninha
Eles acham que somos apenas bonitinhas
Minhas cicatrizes me fizeram a mais bela de todas
Minhas cicatrizes foram curtidas no sal e vinagre
Aninha
Nenhuma doença vai nos parar
Nosso apetite é voraz, Aninha
Sempre soubemos
Que vamos devorar cada um que já duvidou de nós.