Nos olhos dele, eu vejo uma oportunidade. Faz muito tempo que não permito me conectar com alguém. Faz muito tempo que venho fugindo disso.
Seu sorriso me trás aconchego, mesmo que eu acabe percebendo uma máscara de mágoas presa pelos lábios. Suas ações me trazem curiosidade - Que tipo de reação teríamos nessa situação se estivéssemos agora carregando o coração um do outro?
Seus toques, repentinos e desajeitados, me assustam um pouco, mas eu também não quero alarmá-lo com exigências muito fora do comum. Decidi sustentar uma ou duas coisas por ele, talvez assim os passos que nos aproximam sejam mais longos. Ou talvez não faça tanta diferença.
Sua presença me deixa numa encruzilhada. Deveria eu me aproximar e me fazer claro? Ou deveria então ignorar essa voz que flui de curiosidade para carência e deixar a vida seguir como tantas outras vezes já me aconteceu? Existe algum meio termo para essa questão?
“Ei”, é aquela voz novamente. “O que te impede?”
“O amor dá trabalho”, respondo. “Se eu já tenho pré julgado a rejeição, de que me serve correr atrás de algo que vai me trazer tantos questionamentos propensos à negatividade? O não existe dentro de uma hipótese criada pela minha mente, mas eu não saberia o que fazer se ele se materializasse em verbo”.
Eu não entendo muito bem essa motivação persistente. Parece interessante demais essa ideia do risco. “E se der certo?”, ela me diz com um sorriso.
“Eu também não saberia o que fazer depois disso, caso desse certo”.
“Essa é a graça. Um universo inteiro de coisas novas para descobrir, uma alma completamente nova para conhecer, um equilíbrio único para encontrar..!”.
“E afeto físico”, concordo finalmente. “Um sorriso para sentir falta, energia para confiar contato, a conexão perdida retratada nos contos de alma gêmea gregos que sempre me lembram o significado desse vazio que eu carrego, apesar de compreender o valor da minha solitude ''.
Ainda não me parece valer o risco. Ainda preferiria que o primeiro passo fosse dado sem que eu precisasse me mover. Ainda gostaria eu de poder dizer “Não vamos nos apaixonar, nós não nos conhecemos muito bem. Desculpe por estar tão assustado, mas não vamos fazer promessas. Não sabemos o que nos espera amanhã”.
Mas não é assim que as coisas funcionam, naturalmente.