Por outro lado, é poético viver com um coração partido. Pense bem, não é isso que mostram os livros, filmes e toda arte num geral? Você precisa viver um pouco a ideia do coração partido, encontrar lá no fundo da alma a amargura da mágoa para poder sentir com sinceridade que você entende todos os aspectos do que as pessoas chamam de amor.
Então, para o poeta, deveria tudo estar bem viver com um coração partido. Mesmo que este poeta queira paz de espírito, amor universal completamente desconectado do romântico, compreensão e fluidez em sua vida.
É importante viver um coração partido. Pelo tempo que for. Nem tudo precisa de conserto imediato simplesmente porque você está hábil para visualizar a ferida. Nem tudo pode ter conserto simplesmente porque você está hábil para visualizar a ferida.
Algumas feridas não vem de dentro, elas são compartilhadas. Algumas feridas requerem mais de um par de mãos para serem tratadas. E algumas vezes não há possibilidade nem dedos suficientes que supram a necessidade da dor. Muitas vezes há muito mais distância que medicina.
Então veja, está tudo bem viver com um coração partido. Uma vez que se aceita a dor, ela se torna menos assustadora. Uma vez menos assustadora, você tem a chance de aceitá-la – Não como parte de você, mas sim como apenas uma realidade dolorosa e simplesmente inevitável. Uma vez aceitando, você pode mandá-la embora. Uma vez que ela vá embora, a dor deixa de existir. E se ela não existe, não há dor.
É poético viver com um coração partido. É mais poético ainda viver para reconstruir as partes. Porque, Amor, eu nunca deixei de querer escrever sobre a tua beleza, mas eu simplesmente estava cega demais pela dor do adeus e não pude enxergar que você em nenhum momento me abandonou.
É poético viver com um coração partido. Mas eu, em mim, tenho apenas um coração. Partido ou não, ele é tudo que me cabe oferecer.