Eu busco a todo momento uma razão para o meu desespero. Quero fazer sentido diante do universo, mas apenas acabo dando mais forma ao meu (d)existencialismo social.
Sou fraca, essa é a questão. Porque é fácil demais desistir.
Mas quando me grita a boca do estômago; Quando a ansiedade me deixa bêbada de preocupação; Quando eu olho no espelho e vejo que não tem volta – eu terei que sustentar minhas angústias pelo menos mais aquela vez –, então eu sou forte. Resisto como um cacto faz no deserto de sua alma. Respiro por cada poro, sugando tudo e toda água de esperança que posso. Meus olhos podem ser rígidos e eu posso viver na defensiva, porém meu interior é aconchegante e húmido àqueles que se arriscam conhecê-lo.
Você pode me chamar tola, é exatamente assim que a maioria deles me vê. Menina burra está estampado no tecido da minha convivência diaria. Porém entretanto e não obstante, aqueles que realmente importam me reconhecem como Alice, por mais que as vezes nem eu mesma saiba se é isso que sou.
E diante da minha compreensão de mim mesma, percebo que, apesar de toda pressão que transbordo, apesar do absoluto medo do fracasso tão iminente e sedutor, apesar de sucumbir às piores tentações nos momentos de (in)sanidade, eu não sou assim tão fácil de quebrar. Por mais que todos os quatro ventos me apedrejem com suas críticas e desaprovações e que me abandonem como eu me ajoelhei para que não fizessem, diante de tudo isso, eu ficarei bem. Porque afinal, eu sou um cacto.