Comida Saudável
D
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 10/12/15 01:26
Editado: 14/12/15 15:02
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 5min a 6min
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Palavras: 801
Não recomendado para menores de dezoito anos
Capítulo Único Comida Saudável

Sentado no banco do parque, eu observava as crianças pequenas brincando, enquanto acariciava os cabelos longos de Larissa, a moça mais bonita, saudável e esguia que já tinha suportado sair comigo. Como um verdadeiro e orgulhosopé-rapado,eu não tinha dinheiro ou carro para levá-la a qualquer lugar verdadeiramente interessante, por isso sugeri aparecer na frente de sua casa e dar uma volta no quarteirão, caminhando mesmo.

Após conversarmos bastante e darmos alguns beijos, acabamos sentados naquele banco, ela com a cabeça escorada sobre meu ombro aceitando meu carinho, e eu, acariciando-a e vistoriando os arredores em busca de uma alternativaacessívelpara uma refeição, visto que sempre pulava o café da manhã e dessa vez meu almoço tinha sido apenas uma bala “sete belo”.

Já era mais de cinco da tarde quando eu avistei um velhinho de boné, atrás de uma barraquinha de lanches. “Dois churros pelo preço de um”,ahcomo eu era sortudo.Quem diria que aquele senhor salvaria o meu estômago e adicionaria mais um afago ao que surpreendentemente já tinha se tornado um encontro de sucesso.

— Lari… — disse ao segurar seu rosto e dar um beijo rápido — o que acha de fazermos um lanche?

Minha nova namorada não parecia esperar o pedido, mas me encarou com seus belos olhos castanhos e acenou com a cabeça, pouco antes de nos levantarmos.

— Dois churros, por favor! — exclamei me aproximando da barraquinha.

— Como é que é? — interrompeu Larissa, para minha surpresa, se aproximando e me olhando com um olhar desaprovador.

— Sim, eu pensei que…

— Você está louco? Isso aí é pura gordura e açúcar, e ainda frito. Tá querendo ficar obeso?

Ahn… — Cocei a cabeça, eu devia ter esperado por tal reação, visto que a moça era tão bem cuidada. — Que tal um cachorro quente então?

— Você quer dizer um pão com salsicha, uma carne processada feita do que tem de pior, que ainda é conservada com nitratos que causam CÂNCER?

Ainda mais irritada, ela virou as costas e saiu andando para longe do parque. Eu normalmente consideraria que não tinha dado certo e deixaria para lá como as outras meninas com quem tinha tentado ficar na semana anterior, mas Larissa era especial. Para conquistá-la, valia até gastar as economias que eu estava guardando para comprar um videogame usado e levá-la num lugar decente.

— Calma, Lari, calma! — fui correndo atrás dela. — Desculpa, eu sei que você cuida bem da sua saúde, e eu vou passar a cuidar mais da minha também. Sabe aquele restaurante japonês que abriu no fim da rua?

Ela virou-se e sorriu. Era isso, comida cara! Bastava gastar um pouco mais e eu a levaria para a cama naquela noite mesmo. Que oXboxfique para outro ano, hoje eu ia comer com palito!

Pelo menos isso era o que eu pensava.

Sushi? — Ela perguntou retoricamente e eu percebi que seu sorriso era sarcástico. — Você sabe que esses restaurantes sempre servem tudo com molhoshoyu, que é um veneno para o corpo com aquela quantidade de sódio! Nunca!

Já era, ela era exigente e eu teria que me comprometer ainda mais e atrasar o aluguel mais um mês.

— Que tal irmos comer umfonduede queijo então? — busquei o sotaque francês lá dos confins da memória para impressioná-la.

— Isso é pura gordura saturada. Não vê com quem está falando não?

— Então vamos ali no sanduíche natural! — já que nada dava certo, resolvi apelar para a opção mais próxima que parecia saudável.

Eca!Ali eles usam pão branco para fazer os sanduíches, que é rico em amido e vira glicose na corrente sanguínea. Quer que eu tenha diabetes!?

— E a Churrascaria do Carlos?

— Nem morta! A fumaça do carvão libera substâncias que são cancerígenas na carne, que por si só já causa doenças cardiovasculares.

— Um cafezinho?

— Me deixa estressada.

— Sorvete?

— Nem brinca.

Meu estômago já havia começado a roncar alto e eu estava frustrado. Não importava o que eu sugerisse ou o quanto estivesse disposto a gastar, Larissa não aceitava a sugestão. Foi então que decidi deixar de impor as opções e apenas perguntá-la.

— Mas então, Lari… Se tudo vai me fazer algum mal, o que você quer que eucoma?

Paramos de andar no meio da calçada, ela olhou para mim, se aproximou e sussurrou no meu ouvido, com uma risadinha.

— Eu.

Foi aí que eu entendi! O encontro tinha sido um sucesso mesmo, ainda mais que o esperado! Ela ficou dando todo aquele papo e se fazendo de brava só porque me queria! Era do tipo que eu gostava mesmo: econômica e safada.

Encontramos um beco vazio, baixamos as calças e transamos ali mesmo. Foi tão bom que eu até esqueci da fome, e apesar de todas as minhas preocupações a gata não me custou nem um tostão!

No fim das contas, ela acabou até me convencendo acomersaudavelmente mesmo, se é que me entende.

Pena que eu peguei Aids.

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Apreciadores (8)
Comentários (2)
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Postado 29/12/17 15:56

Caraca, olha só essa reviravolta drástica na narrativa. Com uma única frase, tu conseguiu me deixar boquiaberta. Estupendo, Dan! Meus parabéns ❤

Postado 15/01/19 23:01

Muito obrigado! <3

Postado 27/02/16 14:41

Foram poucos ou talvem nenhum seres humanos que conseguiram me deixar com tanta raiva e tanta felicidade ao mesmo tempo, você merece meus aplausos caro amigo obrigado por esta experiência magnifica.

Postado 28/02/16 04:44

De nada hehe, fico feliz que tenha gostado! <3

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