Por que caminha como se não visse, no alto, a ave – em uma árvore, a ave – cativa ao não-falar?
Você vem e a mim não olha. Vem e não vê que nós, lado a lado, estamos sempre perto porém cruzados. Ouvi dizer, pois, do destino: quão opostos são os nossos!
Aceso, à frente, tinhas o sol na tua pele, estafa nas pernas, os ombros curvados e o céu sobre as costas. Seguia andando, desalinhado; os pés, arrastados, dançavam tango com o asfalto.
Ouviu-se ao longe teu longo suspiro – me diz, então, por que tão aflito?
Passou por mim.
Nada disse.
Silêncio.