Nosso amor começou quando as flores em meu canteiro desabrocharam sob a luz gentil do sol naquele dia. Você sorriu tímido, mas ainda assim irradiando confiança, quando desabou em sentimentos cuja essência era doce e suave. Estendemos as mãos um para o outro e as mantemos juntas como pétalas de rosas sem espinhos. Eu o aceitei, em todos os detalhes mínimos para os quais fechamos os olhos quando a flecha do Cupido acerta o alvo correto. Naquele dia, escrevemos a primeira página de uma história cujo prólogo arrastava-se por algum tempo, entre as palavras não ditas e ações interpretadas de maneira equívoca.
Quente como o nosso amor, o verão chegou em seus tons dourados e alaranjados, iluminando todos os cantos que não poderíamos enxergar antes, cintilamos mais que o próprio sol, soltando faíscas a cada olhar, a cada gesto apaixonado, os dias passavam um após o outro, mergulhados em um sentimento de realização e verdadeira felicidade. Não importa o que houvesse, nossas mãos continuariam unidas e seríamos como o próprio sol, brilhando com a nossa própria luz. Éramos tudo um para o outro. E, talvez, por sermos tão completos um com o outro, não restaram muitos desejos a perseguir, afinal, estamos sempre atrás de um desejo após o outro.
No outono, com o armário cheio de presentes e o coração entediado, me perguntei onde tinha ido parar toda aquela obsessão, como uma luz tão forte poderia enfraquecer tão rapidamente. O dourado dos nossos tons não demorou a tornar-se laranja e depois vermelho, e menos ainda para que as cores desbotassem. Assim como as folhas que caíram das árvores naquela estação, gradualmente secamos, sendo levados pelo vento cada vez mais gelado e solitário.
No inverno, já não havia nada novo, quente ou faiscante. Nosso amor repentinamente tinha virado uma supernova, mas, mesmo dessa forma, não fomos capazes de aquecer as pétalas geladas da nossa relação. A doçura das palavras foi diluída, substituída por um sabor amargo e melancólico, não havia pelo que ansiar, este era o final. As mãos que estavam juntas por tanto tempo, soltaram-se quando os espinhos daquela rosa morta cresceram entre as duas palmas. Nós não duramos até a próxima primavera.
Não guardo ressentimentos, fui feliz enquanto durou, mas não há nada que resista a um inverno prematuro. No gelo de nossas palavras, nada mais poderia crescer, portanto, antes que este final seja puro amargor, nas páginas congeladas desta história, nós chegaremos ao fim.
Somos um bom casal, mas o tempo não foi gentil, muito menos nós dois; desbotamos rapidamente sob a forte luz do que foi o nosso amor.