Quando a luz entrou, beijou-te
a ti,
e misturou-se ao tecido
da cortina
tão alva – tão quente,
a luz; o beijo,
aquele, que se derrama
na pele exposta, que pede,
em súplicas – pulsante
nas veias e ossos –:
“beija-me agora, tu que vens
e tocas a mim, toda terna e
tênue, com seus braços curtos
a estenderem-se sobre o
branco que é vivo, em mim,
e que, arrebatador,
me faz flutuar”.
E assim, numa tarde,
daquelas tantas, de horas muitas e
dia poucos, a luz –
não eu, quem dera fosse! –,
a balançar-se, jogou-se-te
aos pés, e
a ti
beijou.