Ouvi falar que o Sono
É o primo da Morte.
Então... Que sorte,
Eu suponho:
Em minha covardia,
Essa é minha hora favorita
(Secreta)
De todos os dias...
É quando coloco os fones,
Escuto algumas melodias
E fecho meus olhos
Enquanto a mente se abre,
O coração se escancara
E a alma se rasga
Conforme o corpo se encolhe
E cada pensamento recolhe
Os inúmeros pedaços
De tantas reflexões;
(Mutilações)
E os olhos se fecham
Na esperança singela
De talvez não se abrirem
Nunca mais...
(Será que haveria paz?)
É assim há mais tempo
Do que me lembro
E só piorou
Conforme o tempo passou
(Voou)
E tudo necrosou
Por dentro.
Não sou hipócrita:
Sei que lá fora
Tem uma multidão
Incalculável
Em uma situação
Absolutamente miserável
Em comparação
À minha.
Porém, julgo igualmente
Deprimente
Ter que me sentir bem
Só porque alguém
Está com maiores dificuldades
Ou sofrimento.
Eu penso
Que é como dizer
"Nossa, você se fodeu
Mas antes você do que eu!"
Com um sorriso sarcástico
(Cômico, se não fosse trágico)
E um tom irônico na voz
E isso vale para todos nós...
Talvez eu precise de terapia;
Ainda prefiro a poesia:
Escrever é sonhar acordado
Enquanto os pesadelos prosseguem
Em suas múltiplas frentes
E camadas
E reviravoltas
Sequer imaginadas,
Sem trégua,
Sem volta,
(Sim, é uma merda)
Contudo, depois do ponto final
E da postagem,
Segue a viagem
Por esta paisagem
Rumo a um destino incerto
Beirando ao sucursal
De um verdadeiro Inferno
Em potencial.
(Têndencia ao desastre)
Ainda assim, prossigo
Por este louco caminho
De todo modo, sozinho
(Tantas vezes; é como me sinto)
Fazendo o que posso
À deriva entre os destroços:
Um banquete para a Escuridão,
Ainda no olho do furacão...
É o que é,
É o que há
Por ora.
Todavia, agora
Preciso ir:
É hora
De dormir.