Com a cabeça baixa, com o corpo contorcido, com o sorriso aberto e com a alma em festa, Giuseppe finalmente estava prestes a realizar um dos seus sonhos. Queria abraçar a todos que o cercavam, para mostrar sua gratidão por tudo que fizeram para colocá-lo naquele avião.
Giuseppe nos últimos quatro anos esteve focado em realizar operações humanitárias, em que buscava justiça e dignidade ao povo. Sua ação mais célebre foi descobrir o local exato do cativeiro do maior sequestro da história da Itália. Naquela oportunidade, foram resgatadas treze pessoas de grande influência nacional. Segundo o médico responsável pelo tratamento das vítimas, elas não resistiriam mais uma semana naquele estado.
Por conta disso, Giuseppe teve sua notoriedade crescida, visto que os telejornais só citavam seu nome seguido de suas boas ações. As pessoas o procuravam e lhe entregavam diversos presentes em forma de agradecimento. Giuseppe, definitivamente, era um homem do povo.
No ar, Giuseppe se deliciava em como o bem trazia o bem. Em forma de agradecimento, um grupo de pessoas pesquisou sobre sua vida e foi capaz de descobrir tudo que o fazia ou chorar ou sorrir. Descobriu, inclusive, um sonho maluco que Giuseppe tinha confessado somente ao seu bloco de notas, guardado no fundo de uma gaveta de seu guarda-roupas.
“A justiça é o caminho para um mar de chocolate-quente, onde as pessoas adentram para se deliciar com seu intenso sabor e calor. Ó, mamma mia, como quero ser justo.”
O avião, a algumas dezenas de metros do solo, sobrevoava uma grande piscina de chocolate líquido, que fora derretido especialmente para a ocasião. Giuseppe estava emociononado e as lagrimas escorriam de seus olhos. Não poderia estar mais feliz com tamanha demonstração de carinho e de apresso pelas pessoas. Ele finalmente tinha alcançado o auge da sua felicidade.
Da porta do avião, preso em uma cadeira de madeira, Giuseppe foi lançado. Enquanto caia em direção à cratera do vulcão ativo, os mafiosos lamentavam por um homem tão engajado em suas convicções ter tomado o lado da justiça e não o do crime. Olhavam o seu sorriso e ficavam deslumbrado com o orgulho que demonstrava de suas ações, mesmo diante a morte eminente. Chegaram a crer, por alguns instantes, que Giuseppe viveu seus últimos minutos de vida em um enorme devaneio.