Natal em Família (Terminado)
Sabrina Ternura
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Tipo: Roteiro (Longo)
Postado: 12/05/21 09:34
Editado: 12/10/22 00:56
Qtd. de Capítulos: 2
Cap. Postado: 12/05/21 09:34
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 15min a 20min
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[Texto Divulgado] "Não Pare de Olhar" Uma mulher, isolada em seu apartamento, começa a acreditar que está sendo observada por alguém no prédio em frente. A paranóia começa a crescer levando o limite entre sanidade e loucura se tornar cada vez mais tênue.
Não recomendado para menores de doze anos
Natal em Família
Primeira Cena Pequenos Gestos de Bondade

PRIMEIRA CENA: INT. MANSÃO INFERNAL (GRANDE SALÃO DAS TREVAS) - NOITE (23H40)

É noite de Natal e a família Infernal está reunida no Grande Salão das Trevas. Uma nevasca fortíssima deixa o clima congelante do lado de fora, por isso todas as dez lareiras do salão estão acesas e os convidados estão usando suas roupas formais de frio. Uma enorme mesa está sendo arrumada pelos empregados e por Sarah, pois meia-noite será servida a ceia de Natal. Os músicos tocam uma valsa, enquanto Diablair dança com Tristeza e Blake com a pequena Ternura. A Imperatriz está tocando piano e Tortura violoncelo, enquanto os músicos que ocupavam essas posições estão tomando uma bebida quente ao lado da pista de dança.

TRISTEZA: Tio, se o senhor continuar enrugando o rosto dessa forma pelo fato de Blake estar dançando com a Ternura, tenho certeza que ele vai se partir no meio.

DIABLAIR (suspirando): Desculpe, querida. Vou me concentrar na nossa dança.

TRISTEZA (rindo): É bom se concentrar mesmo, porque já pisei no seu pé dez vezes.

DIABLAIR (desviando os olhos da sobrinha e disfarçando): Eu nem percebi, sabia?

TRISTEZA (rindo): O senhor mente muito mal, tio.

[Blake pega Ternura no colo e ela bate palmas.]

TERNURA (animada): Me roda, Blake.

BLAKE (pensativo): Mas ainda não chegou na parte da dança em que devemos girar.

[Ternura faz uma expressão de reflexão e, em seguida, levanta o dedo indicador, como se tivesse tido uma epifania.]

TERNURA (para a Imperatriz): Ei, acelera essa música, eu quero rodar.

IMPERATRIZ (fazendo uma carranca para Ternura): A única coisa que vai rodar é a minha faca em você, garotinha.

[Ternura mostra a língua para a Imperatriz e a jovem se levanta do piano. Blake corre com Ternura para o outro lado do salão. Tortura segura o braço da Imperatriz.]

DIABLAIR (em tom de reprovação): Vocês duas, parem já de se provocar. E você, senhorita, não vai esfaquear ninguém hoje.

IMPERATRIZ: Não é porque ela tem três anos que vai se livrar tão fácil das punições.

[Sarah se aproxima do grupo.]

SARAH (com as mãos na cintura): Ternura, se você mostrar a língua novamente, vou cortá-la. Imperatriz, se você tentar esfaquear a Ternura, irei te trancar no quarto dela por uma semana.

[A Imperatriz solta um suspiro de horror. Ternura se esconde no pescoço de Blake. Sarah suspira.]

DIABLAIR (batendo palmas): Muito bem, chega. Os ânimos exaltados não combinam com o clima natalino. Que tal irmos comer?

[A família se dirige para a enorme mesa, assim como os músicos e os empregados. Ternura solta uma risada de felicidade.]

IMPERATRIZ (preocupada): Tia, temos muita comida?

SARAH (confusa): Sim, querida. Por que?

IMPERATRIZ: Porque a comilona vai atacar.

[Ternura é colocada em sua cadeira de bebê rosa por Blake e Diablair entrega uma coxa de frango para a menina, que começa a devorá-la.]

BLAKE (para Tortura): Ela não come demais para um bebê?

TORTURA (rindo): Sim, mas ela gasta muita energia, também. Hoje mesmo ela correu por todos os centímetros da casa e acordou todos nós às cinco da manhã.

[Blake ri. Todos se sentam e começam a se servir. Quando todos estão com os pratos prontos, Diablair pega sua taça e bate nela com uma colher, mas ele acaba quebrando a taça no processo.]

DIABLAIR (pigarreando): Talvez eu precise de uma taça nova… Enfim! Hoje comemoramos o primeiro Natal nesta casa com a presença das meninas. Não posso descrever o quanto meu coração está feliz. Por isso, gostaria de fazer uma oração à Deusa para agradecer esse momento.

[Todos fecham os olhos.]

DIABLAIR: Amada Deusa, agradecemos pela nossa família e amigos que estão presentes conosco nessa noite. Que o seu espírito esteja entre nós, assim como sua gentileza acolhedora. Maldições!

TODOS: Maldições!

VOZ DE FUNDO: O jantar acontece com calma e muitas risadas. Após a refeição, todos se abraçam e começam a desejar “Maldito Natal” uns aos outros. Todos vão em direção à árvore e começam a trocar presentes, levando em conta o sorteio feito uma semana antes. A brincadeira foi chamada por Sarah de “Amigo Maldito”. Todos haviam trocado presentes, menos a pequena Ternura. A menina estava sentada em uma cadeira e balançava os pés freneticamente os pés, como se estivesse feliz, mas seus pequeninos olhos castanhos estavam marejados. A Imperatriz se aproxima da menina e a pega no colo.

IMPERATRIZ (acolhendo Ternura nos braços): Prontinho, pequena Ternura, prontinho.

[Ternura começa a chorar. Todos a encaram. De repente, uma das lareiras se apaga e algo começa a cair. Uma pessoa vestida de vermelho cai da lareira e se levanta rapidamente. Ternura pula do colo de Imperatriz e corre na direção do homem desconhecido.]

TERNURA (abraçando o homem): Eu sabia que você ia vir, Papai Maldito.

PAPAI MALDITO: E eu trouxe todos os seus presentes.

[O homem coloca o saco de suas costas no chão e o abre. Ternura faz um sinal para todos se aproximarem.]

TERNURA (pigarreando e um pouco envergonhada): É o meu primeiro Natal, mas eu queria fazer alguma coisa para agradecer todo mundo. Só que não tinha giz para desenhar algo para cada um, então escrevi uma carta para o Papai Maldito pedindo que ele trouxesse um montão de presentes.

[Ternura começa a chamar cada um dos cinquenta empregados pelo nome, entregando a cada um deles um presente diferente, levando em consideração suas personalidades. A atitude da menina emociona a todos.]

SARAH (com as mãos no coração): Eu não acredito que ela fez algo assim… Querido, você está chorando?

DIABLAIR (virando o rosto): Caiu um floco de neve nos meus olhos.

TRISTEZA (com a sobrancelha arqueada): Mas está nevando só lá fora, tio.

BLAKE (para Tortura): Quem será que bancou tudo isso?

TORTURA: Eu não faço a menor ideia.

[A Imperatriz se aproxima do grupo.]

IMPERATRIZ (sussurrando): Eu peguei a carta que ela escreveu com o intuito de fazer uma maldade com os brinquedos que ela tinha pedido, mas quando vi o que ela pediu… Senti que precisava fazer alguma coisa.

DIABLAIR (em tom de reprovação): Isso explica o porquê da carta não estar lá quando fui procurá-la e também explica o fato de uma quantia absurda de dinheiro ter desaparecido do meu cofre.

IMPERATRIZ (com as mãos para cima, se rendendo): Não se preocupe, tio, irei comprar um cofre anti-Imperatriz para o senhor. Tendo em vista que, se eu não conseguir arrombar o cofre, significa que ele é mesmo muito seguro.

BLAKE (com os olhos cerrados para a Imperatriz): Significa que eu lhe ensinei como arrombar cofres corretamente.

DIABLAIR (com uma carranca para Blake): Além de invasor de casas, é também um ladrão profissional.

BLAKE (com deboche): Eu tenho os meus encantos, tio Diab.

DIABLAIR (para Blake): Vou matá-lo.

[O Papai Maldito se aproxima da família e a briga entre Blake e Diablair se encerra. A Imperatriz desfere um leve tapa na bunda do Papai Maldito. Todos ficam chocados.]

IMPERATRIZ (com malícia): O clima natalino lhe cai bem, amor.

BLAKE (gargalhando): AMOR?

[Ternura levanta a cabeça e olha para a família, tentando entender o pronunciamento de Blake. Tristeza coloca um saco de presente na cara de Blake. Ternura arqueia a sobrancelha para a irmã.]

IMPERATRIZ (disfarçando): Continue entregando os presentes, sim?

[Ternura volta a entregar os presentes. Tristeza tira o saco de presente da cabeça de Blake, que está completamente vermelho por conta do breve sufocamento.]

TRISTEZA: Desculpe, Blake, mas você ia estragar tudo.

DIABLAIR (rispidamente): Pois ponha o saco de volta, porque a presença dele estragou meu humor.

[Sarah dá uma cotovelada em Diablair.]

TORTURA (para o Papai Maldito): Damon, é você?

[O vampiro abaixa levemente a barba branca, revelando sua identidade. Todos riem disfarçadamente, mas ainda assim Ternura olha novamente para a família.]

DIABLAIR (dando um tapa fortíssimo nas costas de Blake, derrubando-o): VOCÊ É MESMO MUITO ENGRAÇADO, BLAKE!

IMPERATRIZ (forçando a risada): Tem razão, tio! Não acredito que você comeu sua própria meleca, Blake!

[Ternura faz uma cara de nojo e retorna a sua missão de entregar os últimos presentes. Blake encara Diablair com ódio.]

TORTURA (ajudando Blake a levantar): Você está bem, meu amor?

BLAKE (com a mão nas costas): Acho que não vou andar por uns dias.

DIABLAIR (com satisfação): Ótimo! Dessa forma você não invade a minha casa para roubar a minha sobrinha.

TORTURA (determinada): Se ele não vem até mim, eu irei até ele.

DIABLAIR (para Sarah): Você vê isso, querida? Nós criamos elas, trocamos as fraldas, alimentamos… Para elas crescerem e nos abandonarem por seus namorados escrotos.

SARAH (tentando tranquilizar o marido): Oh, querido… Não é bem assim.

TORTURA (cruzando os braços): Para começo de conversa, eu nasci grande. Você não teve que fazer nada disso comigo.

TRISTEZA (cruzando os braços): Idem.

DIABLAIR (para a Tortura e apontando para Blake): Você veio ao mundo nos braços desse troço aí.

IMPERATRIZ: Ei, quem achou ela peladona foi eu! Ela veio ao mundo nos meus braços.

BLAKE (para Diablair, com deboche): Veio ao mundo nos meus braços e nos meus lábios.

DIABLAIR: Vou matá-lo.

[Sarah e Tristeza seguram Diablair pelo braço, pois o líder infernal está tentando avançar sobre Blake. Damon e Imperatriz fazem uma barreira na frente de Blake para protegê-lo. Tortura encara o tio com uma carranca. O clima homicida no ar, entretanto, é quebrado pela pequena Ternura, que está puxando a barra do vestido de sua tia.]

TERNURA (acanhada): T-Term-minei.

[Sarah a pega no colo. Todos se esquecem da confusão anterior e se aproximam da menina.]

IMPERATRIZ (apertando a bochecha de Ternura): Que lindo gesto, Ternurinha.

DIABLAIR (sorrindo): Você tem um coração enorme, apesar de ser pequenininha.

TRISTEZA (fungando): Assim você faz a sua irmã chorar.

[A família continua tecendo comentários acerca do gesto de Ternura, mas a menina fica o tempo todo calada e com as bochechas vermelhas.]

TORTURA: O que foi, Ternura?

[Ternura desce do colo da tia e junta as mãos na frente do corpo.]

TERNURA: Os presentes… AINDA NÃO ACABARAM!

[A menina sai em disparada pelo Grande Salão e pega atrás de um vaso sua mochila rosa. A Imperatriz faz uma cara feia ao ver a cor da bolsa.]

TERNURA (se aproximando): A gente vai por ordem de tamanho e não de importância, tá? Não é pra ninguém ficar triste. Primeiro, o tio Diab que é o mais grandão de nós.

[Diablair agacha na frente da menina. Ela tira da bolsa um porta-retratos artesanal colado meio torto com um bilhete em cima. Ele pega o presente. Dentro da moldura, tem um desenho de Diablair e Ternura com chapéus de caubói. No bilhete, Ternura escreveu: “Tio, obrigada por nos dar uma casa, por ter ido me buscar láaaaa com a Mamãe e por brincar de caubói comigo. Desculpa por te acordar de matrugrada*, mas é que a minha fome é GRANDONA que nem você”. Diablair não consegue deixar de sorrir e abraça Ternura.]

DIABLAIR: Você pode me acordar sempre, caubói infante.

[Ele se afasta e Ternura faz um gesto para que Blake se aproximar. Ela tira de sua mochila o mesmo tipo de presente. No porta-retratos há um desenho de Blake, vestido de príncipe, e Ternura, vestida de princesa, dançando. No bilhete, ela escreveu: “Plake, eu não sei escrever seu nome, mas sei que você é legau e espero que você case com a minha irmã. Obrigada por sempre dançar comigo, mesmo que eu fique pisando no seu pé e gritando na sua orelha”.]

BLAKE (abraçando Ternura): Vou guardar para sempre esse presente, princesinha. E eu sempre vou dançar com você.

[Blake se afasta e Ternura chama Sarah. No porta-retratos, há um desenho de Sarah e Ternura lendo na biblioteca. No bilhete, Ternura escreveu: “Tia Sa, sei que você tá me ensinando a escrever, mas eu ainda não aprenti algumas palavras. Demorei um mês para escrever todos esses bilhetes, porqe procurei todaaaaas as palavras no dicionário, como você me ensinou. Obrigada por me dar docinhos e por sempre cantar la la la para eu dormir. Você é bonita que nem a minha Mamãe”. Sarah começa a chorar e abraça Ternura.]

SARAH: Você é uma menininha muito doce, minha pequenininha.

[Sarah se afasta, ainda chorando, e Ternura chama Tortura e Tristeza. Ela entrega um porta-retratos em que há um desenho das trigêmeas de mãos dadas e a Deusa atrás delas. No bilhete, Ternura escreveu: “Vocês duas noram no meu coração. Obrigada por serem minhas irmãs. Tortura, você é muito bonita, porque você é você de verdade. Tristeza, você é muito gentiu, porque sempre chora por nós. Eu amo vocês e a mamãe. Sinto sautate dela.” As trigêmeas se abraçam.]

TRISTEZA (fungando): Nós também sentimos falta dela…

TORTURA: Mas ela sempre estará em nossos corações.

[As irmãs se afastam. Ternura chama a Imperatriz e entrega a ela um porta-retratos com um desenho da Imperatriz e Ternura vestidas em seus pijamas, enquanto tomam um copo de leite na cozinha. No bilhete, a menina escreveu: “Você fica me batendo que nem uma bruxa malvada, coloca bicho na minha cama e me chinga como se eu fosse doida. Mas eu sei que você é boazinta, porque sempre passa no meu quarto para ver se eu estou coberta e me dá leite de matrugada quando fico com medo dos besoutos de cama. Seu cabelo é bonito, igual de uma princesa que gosta muito de comer alface.”. A Imperatriz coloca uma das mãos na cabeça de Ternura.]

IMPERATRIZ: Você é uma menina muito gentil, mas quando crescer, eu vou te bater mais.

[A Imperatriz se vira e começa a limpar os os olhos. Todos pensam que os presentes acabaram, mas Ternura chama o Papai Maldito. Ele se aproxima e ela entrega a ele um porta-retratos, em que há um desenho de Damon jogando a Ternura para o alto. No bilhete, ela escreveu: “Tamon, seu nome é difícil de escrever que nem do Plake, mas eu gosto de você mesmo assim. Obrigada por sempre brincar de boneca comigo e me proteger das maltades da Imperatriz. Você é um vampiro fofinho. Desculpa por ter jogado alho em você, eu não sabia que ia machutar, o tio Diab que mandou.”. Damon abaixa a barba, revelando sua verdadeira identidade.]

DAMON: Você sabia que era eu o tempo todo, baixinha?

TERNURA: Descobri na hora que vi seus olhos vermelhos.

IMPERATRIZ (indignada): DROGA! Na próxima usaremos lentes.

VOZ DE FUNDO: Essa foi a história de quando Ternura foi o Papai Maldito sem ter a intenção. Os presentes, feitos completamente à mão e sem ajuda de nenhum adulto, foram confeccionados pela menina durante a manhã, quando todos da casa estavam dormindo. O Natal foi no dia 25 de Dezembro, mas Ternura começou a fazer os presentes em 20 de Novembro. Reza a lenda que, até os dias atuais, a família Infernal ainda tem os desenhos e bilhetes feitos pela menina e falam sobre a atitude de Ternura para os filhos dela. O que a família Infernal não esperava, era a chegada de dois convidados durante a madrugada.

FIM DA PRIMEIRA CENA.

❖❖❖
Notas de Rodapé

* Os erros gramaticais nos bilhetes são intencionais.

Apreciadores (3)
Comentários (1)
Postado 14/05/21 21:14

Eu realmente queria ter palavras o suficiente para fazer jus a este capítulo, que me impactou de tal forma que fui obrigado a levar isso para DD... Mas, atualnente, receio não ter. O que me sobra é esse sentimento de encantamento e arrebatamento pelo fato da senhorita conseguir, a despeito de todo o caos inerente às interações de tão diversificados personagens, transmitir a sensação de união, aceitação e, por que não, união entre os membros da família mais insana, poderosa e divertida do Inferno!

Minha gratidão por fazer parte de algo tão especial será eterna, Divina Brina.... Muito obrigado por nos brindar e honrar com um dos momentos mais bonitos, ternos e memoráveis da Infernal Family!

Sua narrativa foi essencialmente mágica!

Afetuosamente,

um ser que nunca vai esquecer este presente da Ternurinha, Manu.

Postado 18/09/21 17:20

Meu coração ficou aquecido com seu comentário!

​Obrigada pela presença e comentário, Manu ♥

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