Tudo isso pra lembrar a Lia
Nilton Victorino Filho
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 07/05/21 08:40
Gênero(s): Comédia
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
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Palavras: 447
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Tudo isso pra lembrar a Lia

Não existe como não lembrar do Educandário Dom Duarte, meus caminhos, meus amigos, minha vida.

Na viradas dos 70, quase 80, o futebol fazia a felicidade dos meninos, o campão era sonho de consumo dos moradores do entorno e imperava absoluto, por aqui, a dupla Valdevino e Tadeu eram soberanos.

De certa forma, era uma injustiça com o campo de cima, aquela maravilha de gramado onde, pelas tardes, os eucaliptos cobriam com uma sombra generosa e, se podia ouvir a passarada em sua algazarra crepuscular, mesmo assim era relegado ao segundo plano, triste sina de ser o vice.

Na região, haviam outras praças de esporte que faziam a alegria de quem gostava de futebol, fins de semanas de glória da várzea.

O campo do Cambará ficava nas terras onde hoje se encontra o Carrefour, sem a beleza e a boa localização dos campos do Educa, mas, fazia a alegria dos guris do Cambará, Tintas Wanda e Vila Operária.

O campo do Viracopos ficava na favela do Arpoador, quem descesse a escada por trás da Padaria Moreninha, tinha ele aos pés, mais alto que metade da favela, não havia grama e, estranhamente, um solo argiloso, como se fosse de fundo de baixada, quando seco, levantava poeira, molhado, virava sabão.

Por ali, toda a majestade do futebol vinha dos pés de dois irmãos chamados, ou apelidados de Xaxá e Tazinho.

Não havia, propriamente uma rivalidade entre esses e a dupla que mandava nos campos do Educa, já que, em bailes, pertenciam a mesma turma.

Porém, com o passar do tempo, veio em todo mundo a curiosidade de saber qual, das duas duplas, era superior.

Deu para o leitor entender esse conflito???Pois bem, esquece toda essa baboseira de rivalidade e vamos ao verdadeiro motivo que levou os atletas do Grêmio Educandário a subir o morro e, enfrentar o time do Viracopos, um grande clássico memorável da várzea da zona oeste.

Quando curtíamos um som na Vila Operária, encontramos os craques do Arpoador e nos cumprimentamos, eles estavam acompanhados da irmã, uma menina de beleza singular, pequena na estatura, rosto simpáticos e olhos rasgados, tímida e que falava baixinho.

Tudo normal, uma nova amiga e coisa e tal, isso para a maioria de nós, porém, o pobre do Viana caiu de amores pela moça.

E, aquele neguinho que nunca havia se apaixonado, só pensava em se aproximar, ficou uns dias matutando e chegou à conclusão:

_Bóra marcar um jogo contra os caras do Arpoador.

A ideia era genial, eu já começava a fazer os convites e disse:

_Então você acha que vai conquistar o coração da moça, baixando o cacete nos irmãos dela???

_Não amigão, "nós" vamos bater neles.

_Muy amigo.

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Comentários (1)
Postado 06/11/21 21:57

Senhor Nilton, que obra sensacional! Realmente a leitura me cativou do começo ao fim e me fez dar boas risadas. Esse diálogo final e a intenção do narrador são divertidas. No lugar dele, faria o mesmo KKKKKKKKKKKK Camisa 10!

Congrats!