Soneto ao Cárcere
Sena
Tipo: Lírico
Postado: 07/04/21 20:44
Gênero(s): Poema
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 28seg a 38seg
Apreciadores: 4
Comentários: 3
Total de Visualizações: 673
Usuários que Visualizaram: 8
Palavras: 77
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Soneto ao Cárcere

Ó, Jaula, protege-me de mim

Do meu vício, da minha virtude.

Que o meu pensamento carmesim

Não sirva a mim de ataúde

Que esse sol brilhe sempre assim,

Com esse brilho que me ilude,

Que essas sombras são partes de mim,

Escondem minha infinitude.

Tenho muito medo dessa vida,

Que sempre me faz muita promessa.

Que eu sempre viva nessa ilha.

Deixa tudo na sombra eterna;

A grandeza, uma órfã filha

Da triste mente que nunca cessa

❖❖❖
Apreciadores (4)
Comentários (3)
Postado 08/04/21 16:44

Muito bom!

Amei as rimas e as reflexões que a poesia evoca...

Confesso que fiquei a pensar se se trata de um meliante realmente arrependido...

Obrigada por compartilhar conosco!

Postado 10/04/21 02:28

Eu diria que somos todos meliantes, eternamente arrependidos dos crimes que cometemos contra nós mesmos. Não somos todos culpados de esconder nossa infinitude?

Muito obrigado pelo comentário, Monise, fico feliz que tenha gostado.

Postado 15/05/21 23:32

"A grandeza, uma órfã filha

Da triste mente que nunca cessa"

Sr Sena, seu poema como um todo foi espetacular, mas este final me foi de uma primazia destrutiva inegável...

Me veio à mente também o trecho da música Jesus Numa Moto:

"Preso nesta cela/De ossos, carne e sangue..."

Creio que é disto que se trata sua obra, me perdoe se interpretei errado... E meus sinceros parabéns!

Taciturnamente,

um ser que viveu em um cárcere auto imposto e injustificado, True Diablair.

Postado 02/11/21 21:42

Meu querido Diablair,

Em primeiro lugar, perdoe a demora em te responder. Meu bloqueio criativo nestes dias está afetando até a minha habilidade de escrever comentários. Em segundo lugar, fico muito feliz pelo seu retorno à AC.

Sabe, apesar de minha intenção ter sido pôr a consciência como um cárcere (eis aí uma vadia que nunca consigo perdoar, a consciência,) creio que o mesmo vale para nossos ossos, nossa carne, e nosso sangue. Quem, afinal de contas, não quer fugir da forma que tem? Da carne cheia de cicatrizes, da história que nosso sangue acaba impondo a nossa existência inteira ou, ao menos, a primeira metade dela?

Agradeço pelo comentário e, relendo o final, de fato, foi de uma primazia destrutiva inegável, ao menos em minha obra, hehe.

Obrigado mais uma vez, <3

Postado 28/10/21 09:39

Realmente, a vida muitas vezes nos faz promessas, que geralmente não passam de promessas vazias...

E isso é assustador, muito assustador...

As sombras sempre vão existir, mas elas nem sempre são ruins. Muitas vezes elas são necessárias para sabermos apreciar nossos pontos de luz!

Adorei cada rima, cada estrofe tão bem construída!

Parabéns por esse poema <3

Um grande abraço <3

Postado 02/11/21 21:45

Minha cara Meiling,

As promessas podem até ser vazias, mas a esperança que elas dão é um pouquinho agradável até, eu diria. E o que aprendemos nesse constante choque da expectativa com a realidade, não aprendemos em lugar nenhum. Como você mesmo diz: são necessárias para sabermos apreciar nossos pontos de luz, as promessas que são tão cheias quanto um peru de natal (num natal abastado, claro), e aquela surpresa agradável que não nos foi prometida e nem era esperada de modo algum, mas que nos iluminou de tal modo que não nos esquecemos de sua luz nem em nossos momentos mais sombrios.

Muito cuidado foi posto em cada estrofe, gosto muito das limitações impostas pelo soneto e do processo de tentar condensar algo nele.

Obrigado pelo comentário, Mei, e um grande abraço <3