Nunca gostei das moscas de fruta
que só aparecem próximas aos fins,
com o único objetivo de sugar o que restou.
Rubi geralmente aparecia nos meus fins
mas ela era como uma abelha,
que deixava cair sobre mim o polen
que ao tardar do dia,
seria meu xote do néctar da vida.
A pequena abelha pousava e sorria
me dava uma colherada de mel de uruçu.
Me encarava como os olhos pretos
enquanto eu recitava versos amargos de saudade.
Perguntei-a se ousaria ficar mais um pouco.
Não, mas logo voltaria.
E, tão rápido quanto uma ferroada,
minha abelhinha voou.
Deixando-me temporariamente adoçada,
esperando o dia em que a alegria
seria mais do que uma colher de mel
que meu ser um dia provou.