Desde que comemorei meus quinze anos, eu notei que algo aos poucos mudou dentro da minha essência. Quando penso sobre, acredito que alguns chamam de puberdade, mas essa fase transforma o corpo e no meu caso era minha mente que não parava de mudar em vastos passos.
E toda vez que reflito sobre minhas mudanças — cada vez mais e mais recorrentes — tomo uma nova opinião sobre tudo, voltando a pergunto-me se acontece assim com os outros, acabando por observar os indivíduos a minha volta procurando por mínimas semelhanças que possam nos manter conectados nem que por um curto período de tempo.
Contudo, curtos períodos de tempo acabam rápido demais e eu nunca pareço ter achado o momento necessário para cativar um semelhante — mesmo que desde o início só tenha pedido por um tempinho, termino desejando companhia por horas indefinidas.
Tem vezes que recordo dos meus atos ou ditos de pura ignorância ou inocência por acreditar cegamente na afirmação daquele, mas seria possível que mesmo depois de tanto tempo a outra parte ainda pense da mesma forma e em uma realidade muito distante só eu tenha percebido que estava errada? Retomando essa memória e rindo do quanto tosco foi ter dito o que disse?
De toda forma é irônico afirmar que não tenho nenhum controle da minha transmutação cotidiana, quando eu morro de medo da incerteza que é a mudança. E foi ao descobrir, que mesmo sendo essa inconstância toda, ainda tenho e mantenho um ritual mundano de acordar e vislumbrar o foro de madeira com desenhos estranhos — consequência de seu crescimento, creio eu — e não pensar em nada.
É como um vício que não consigo me livrar, o momento em um novo dia que minha mente desacelera o tornado e aclama o redemoinho marinho para não conceber qualquer nova perturbação continua começando do zero uma vez mais.