Eu estou apenas de passagem.
É por isso que você está lendo minhas palavras.
Sou apenas o esteriótipo de sonhadora aos vinte anos,
perdida na ideia de belos contos que me levarão para finais no paraíso.
Mas, conhecendo meu tipo, não acho que meu final seja ali.
Sei que posso voar nos céus, mas não posso permanecer neles.
A verdade é que eu gosto da escuridão que encontrei conforme a vida,
talvez goste mais dela do que da luz em si.
Eu pertenço ao outro lado da lua, onde há luz mas há sombra,
mesmo meu pai sendo o deus do sol e dos céus.
Hórus me dá forças para alcançar os altos,
mas me lembra que não pertenço ali.
E, como Ícaro, quando estou lá em cima quero cada vez mais
então tenho que ser puxada para o chão
e voltar ao reino de meu outro pai.
Hades coloca meus pés no chão,
me mostra a importância de saber viver embaixo,
conhecer, reconhecer e abraçar a escuridão.
Então, mesmo triste e machucada, posso sorrir
enquanto me curo para subir novamente, e cair de novo.
Posso dizer que voei e rastejei.
E, talvez você se pergunte: vale a pena?
Vale a pena chegar ao ápice para retornar ao sofrimento?
E eu lhe respondo: sim.
Vale.