Estava a lavar a louça, meu guri estava na escolinha, depois disso ia brincar com os amiguinhos lá na vizinha da frente, eu estava tranquila, mas meu coração não mentia, eu estava morta de saudade do meu moreno.
_ Aonde será que ele está ? Será que está bem? _ matutei lavando meus talheres
_ Ai ai, odeio quando ele vai pra longe....
Não podia matutar por mui tempo, terminei meu serviço, e procurei meu celular para ligar para ele, e nada! Caixa postal.
_ Ai Buda, me acuda... _ tento uma segunda vez, e uma terceira e por fim ele me atende. _
Ô meu amor perdão, meu celular estava sem sinal _ ele disse _ você sabe que a estrada pra nossa cidade tem esse problema.
Senti meu peito gelar, ele disse que estava voltando?
_ Onde é que tu tá? _ digo com a voz tremula _ repete.
_Ora, tô na estrada de volta pra Bahia _ ele disse rindo.
_ Para de broma homem! _ digo rindo de nervoso
_ Me espera então morena, vou desligar antes que a bateria acabe, tá quase no fim, beijo.
Ele desliga antes de eu falar "beijo" também, ai nossa! Ele tava vindo mesmo? Não me demorei, meti o avental no corpo, comecei a preparar um bolo, se ele fosse mesmo chegar, queria que tivesse bem alimentado. Bolo de banana com muita canela, do jeito que meu cigano gostava.
Deixo no guarda comida, assim que fica pronto, a mão suava e tremia que só vendo!
Horas passaram, para mim parecia quase um milênio, porém não deu menos de duas horas, escutei o tilitar dos sinos que coloquei em cima do portão, já que fazia previsão no tarot e atendia pessoas em casa, e eu não tinha campanhia, um jeito eu tive de dar para saber quando um cliente chegava.
Corri de avental mesmo, cabelos soltos e meio bagunçados, cheirando a banana, canela e farinha de trigo, vi ele com a mochila gasta e o sorriso lindo, era meu marido, meu amado.
O abracei e ele largou a mochila no gramado mesmo, me ergueu em teus braços e me cobriu de beijos.
_ Saudade de ti minha linda _ ele dizia me apertando contra seu peito.
_ Pelos deuses, eu quero chorar mas sei que tu não gosta que eu chore _ sorri de alegria e os olhos ardidos, eu estava feliz, eufórica que nem criança.
_ Dessa vez pode até chorar, mas terá que me recompensar
_ Tem teu bolo de banana lá te esperando _ sorri, acariciando aqueles cabelos grandes e negros, sempre amarrados em trança ou em coque frouxo, mas agora se encontravam soltos.
_ Vem, te conto tudo depois do banho e depois de tirar um tasquinho do bolo.
Depois que tudo isso ocorreu, as conversas e coisas mais, vi meu guri correr da escola, direto pra casa, parecia que sabia que o pai havia chego, nem passou pela casa da vizinha da frente, como disse que faria mais cedo.
_ PAIÊ!
escutei aquele gritinho feliz, e meu marido logo virou e voou em cima do menino, como se ele fosse de ouro, e de fato era para nós, abraçou um tempo quase infinito, beijou de monte, meu menino sabia que eles poderiam não brincar agora, pelo pai estar meio moído de viagem, mas meu amor prometeu brincar com ele no dia seguinte.
_ Pode ir brincar com teu coleguinha, filho, ele pode ficar amuado se você não for, e vê se se comporta.
_ Tá mama _ ele sorriu e pegou uns carrinhos de brinquedo e partiu doido da vida pro outro lado da rua, claro, sempre olhando pra atravessar.
Olhei pra cara feliz do meu esposo, alegre que só.
_ E então caboclo, o que mais tu quer prosear comigo _ coloquei minha mão por cima da dele.
Ele me sorriu de um jeito ladino, ai ai ai, sabia bem o que significava aquele sorriso...
_ Eu? Eu agora não quero falar sobre mais é nada _ foi até mim na velocidade de um raio, me pegou no colo, eu nem me surpreendi, apenas me aninhei,e fomos juntos até o quarto.
Sabia que mataria a saudade, e de um jeito pra lá de bom...
Que bom ter tu de volta.
meu amor.