Os olhos ardem, sem lagrimas a cair.
A boca abre, sem palavras a dizer.
Os ouvidos ouvem, sem entender.
O suor escorre, frio.
A compreensão vem, fria.
O corpo congela, frio.
“Morreu”.
Os olhos deixam de ver a mulher.
A boca se abre dizendo coisas desconexas.
Os ouvidos escutam a voz daquela pessoa.
“Ele morreu”.
Os pés correm escadas acima.
As mãos tremem segurando o celular.
O suor continua a escorrer.
“Seu irmão morreu”.
Não há lagrimas.
Não há dor.
Não há nada.
Vazio.
O que fazer?
Aonde ir?
O que falar?
Não há sentimentos.
Não há desespero.
Não há nada.
Há um vazio.
O que esperar?
Aonde ir?
O que preparar?
Não há nada.
Não há nada.
Não há nada.
Só há um vazio.
Que nem um ano pode preencher.
Que nem dois anos podem preencher.
Que nem três anos podem preencher.
Só há um vazio.
Que nunca será preenchido.