Questão de sorte.
Nilton Victorino Filho
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 05/01/21 09:39
Editado: 05/01/21 09:42
Gênero(s): Cotidiano
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 4min
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Palavras: 505
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Questão de sorte.

Em 1991, eu trabalhava na Usina de Traição, um posto da Eletro-Paulo e a Avenida Ayrton Senna se chamava Avenida Janio Quadros.

Nelson Mandela havia acabado de ser libertado e o governo do estado de São Paulo o recebeu com honras de chefe de estado, por questões de segurança, o itinerário da comitiva não foi divulgado, pela televisão o vimos chegar e nos contentamos com tal honra.

Não existia um ônibus que fizesse o caminho de Pinheiros até a Ponte João Dias, onde se localiza a Usina, portanto eu tinha que descer na Paineiras e fazer esse caminho de seis Kilometros, beirando o muro do Jóquei Clube, na sola.

Quando ouvi a sirene dos batedores, já estava no meio fio que separa as duas pistas da avenida, o semáforo fechou e a minha ficha caiu, dentro da Limusine negra estavam o futuro presidente da África do Sul e a esposa.

Do lado esquerdo do carro, o meu lado, a esposa Winnie apoiava o cotovelo na janela e segurava a porta com a mão esquerda, em seu dedo médio reluzia um anel de ouro que ostentava uma enorme pedra azul.

Motos da PM à frente e atrás do carro e eu estava a menos de dois metros, alguns passos firmes e fiquei ao lado da Limusine e como alguém que não perde a chance que cai do céu, me curvei, peguei a mão da Winnie e beijei, o simpático Mandela sorriu e eu o cumprimentei inclinando o corpo na Angola.

Diante da cena, não restou aos seguranças nada, além do sorriso cúmplice e o coçar de cabeça... e o sinal ficou verde e a vida continuou.

Existem coisas e fatos, que a sorte trás que soam como inacreditáveis, a sorte não manda dinheiro, ela te preserva e te mostra que a vida é só uma questão de estar no mundo em paz.

Quando o Adilson (Ovinho) foi encontrado por sua família, contou-lhes que, eu era o amigo que sempre o consolava nos piores momentos de solidão, ele não se conformava por ser órfão, nos domingos de visita sempre saíamos em aventuras.

Fui visitá-lo em sua nova casa e a irmã me disse:

_Vou compensá-lo por aliviar a dor do meu irmão.

Chamava-se Claudia e era empresária do ramo artístico, tinha uns 25 anos e uma beleza invejável, eu disse que fiz o que um amigo faz e dei de ombros.

Quando a banda Earth, Wind and Fire foi trazida ao Brasil pela Chic Show, contou com o apoio de uma jovem empresária paulista.

Eu jogava bola no campo do 14, quando me gritaram do barranco:

_Tem uma mulher linda, num Porshe te chamando, Niltão.

Corri e subi o barranco e vi a Claudia na área do pavilhão, tinha uma sacola de Shopping nas mãos.

_Vai se lavar e veste essas roupas, que hoje te pago a dívida do meu irmão.

E foi assim, que o cara mais pobre do mundo, assistiu ao show da maior banda de todos os tempos, em cima do palco do Anhembi.

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Comentários (1)
Postado 02/02/21 23:13

Caracaaaaaaaaaaaa, que obra incrível! Esse final me deixou chocada. Literalmente "tudo que vai, volta" e, no caso desse protagonista, voltou da melhor maneira possível kkkkk.

Obrigada por compartilhar conosco!

​Parabéns, Nilton ♥