Iminente Ausência
Sabrina Ternura
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 04/01/21 00:57
Editado: 04/01/21 00:58
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 4
Comentários: 2
Total de Visualizações: 885
Usuários que Visualizaram: 10
Palavras: 390
Não recomendado para menores de dez anos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2021, indicada na categoria Drama.
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Notas de Cabeçalho

[Sfida Musicale II: 2 - Tema livre]

“If I had just one more day

I would tell you how much that I've missed you since you've been away

(Hurt - Christina Aguilera)

Capítulo Único Iminente Ausência

Só se observa a beleza da vida, quando ela escapa pelos dedos como se fosse um pequenino sopro de vento. É por isso que, em meu coração, só há espaço para o amontoado de lembranças que eu gostaria de ter vivido com você. Para mim, você foi esse sopro de vento pequenino, que deixou um imenso buraco na minha alma.

A rotina me castiga com a sua ausência. As perguntas dos outros sobre você sempre me fazem chorar. A casa parece ser assombrada com aspectos seus, sendo que você nem mesmo chegou a entrar pela porta da frente. Em todos os lugares, há pedaços seus e resquícios do que um dia eu fui.

Você morreu assim que nasceu. Nunca em toda a história, as palavras bênção e maldição andaram de mãos dadas como no momento em que você veio ao mundo. Passamos nove meses conectadas. O seu coração já fazia parte de mim. Por isso, foi inevitável não morrer um pouco junto com você. Quando o médico te colocou em meus braços, uma avalanche de vida entrou em meu coração: você era preciosamente linda com seus poucos cabelinhos loiros e sua pele branca. Entretanto, seus pulmões mortalmente pararam logo após seu primeiro suspiro. Você morreu em meus braços e eu morri junto com você. A primeira vez que te vi, foi a última.

Ao passar por isso, só consigo imaginar a vida como um acúmulo de misérias, pois a jornada parece ser um cemitério de sonhos, afinal meu sonho de ser mãe morreu junto com você. A iminência da morte são tambores silenciosos que os vivos jamais conseguirão ouvir, mas eu gostaria de tê-los ouvido no dia em que te perdi. Não consigo perdoar o destino pela sua partida e nunca conseguirei seguir adiante sem lembrar do dia em que você nasceu e abruptamente morreu, sem que eu pudesse fazer alguma coisa para impedir.

Você se foi e eu também

Mas, ainda assim, você está aqui,

Dentro das lágrimas de amor mais tristes

Que já caíram pelos meus olhos.

Você partiu e eu fiquei,

Mas seu coração morto faz o meu bater

Para eu sempre me lembrar

Do quanto fui capaz de te amar.

A morte te levou para brincar,

Enquanto eu permaneci [meia viva] a te amar.

Você foi a luz do meu coração

E a mais brutal escuridão.

❖❖❖
Apreciadores (4)
Comentários (2)
Postado 04/01/21 08:34

O primeiro parágrafo nós tapeia logo de cara :'

Não sei se foi uma experiência pessoal, mas se foi, meus sentimentos Sabrina. <3

A narrativa é forte e terminamos a leitura sentindo todo o peso das palavras. Que possamos valorizar a vida e as pessoas que temos, enquanto ainda temos. <3

Postado 07/01/21 19:27

Não foi uma experiência pessoal, não! Mera ficção!

Fico muito feliz que tenha gostado.

Obrigada pela presença e comentário, moço ♥

Postado 27/01/22 11:59

Que lindo, profundo e imensamente triste!

Você conseguiu, com primazia descrever a dor da perda de um filho!

Realmente é incomensurável... Não há palavras que possam acalentar um coração afligido por tal experiência...

Estive com muitas mães nesses momentos e todas as palavras são vãs...

Aqui o coração está pequeno e os olhos marejados ao ler seu texto...

Obrigada por compartilhar conosco e por tornar visível uma dor que poucos conseguem compreender.

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