Edna, a tempestade
Nilton Victorino Filho
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 22/12/20 09:42
Gênero(s): Cotidiano
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
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Palavras: 405
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Edna, a tempestade

Uma bela amizade não tem que ser, obrigatoriamente, uma leve brisa.

Vou além, amizades tempestuosas são mais sinceras e, sem a obrigação da amabilidade diária, a amizade vai florescer firme, brigas constantes acabam por dar um caráter de oficialidade ao relacionamento pois, brigar é um privilégio que só damos aos melhores amigos.

Quando nos afastamos de uma amiga com que brigamos constantemente, fica um vazio tão grande que, parece que uma parte de você se foi também.

Conheci a Edna quando eu já era adulto e ela era ainda uma criança, filha de um amigo que morava na minha rua, a rua Osvaldão.

Por ter esse temperamento voluntarioso e uma empáfia natural, não era uma criança que eu admirasse.

Dessas crianças que gostam de impor sua vontade aos gritos e brigam por nada, o tempo todo.

É claro que, eu também sofro do mesmo mal e, isso me faz ser arredio com pessoas assim, ela me fazia lembrar de mim mesmo, nos meus piores momentos.

Quando eu já tinha dois filhos, ela engravidou sendo ainda adolescente e, foi morar com um dos meus melhores amigos, não fosse isso, talvez nem tivéssemos sido amigos.

Um casal na casa dos trinta e outro quase nos vinte, a minha esposa e o marido dela davam-se muito bem, para nós, qualquer coisa era motivo para uma discursão e, brigando nos entendíamos.

A filha mais velha dela e o meu caçula, nasceram no mesmo mês, com diferença de uma semana, comemoraram 1 ano na mesma festa.

Mesmo desse jeito, crescia entre nós uma consideração de fazer inveja a muita amizade de ocasião.

Um dia ela inventou de aprender a fazer salgados, fritou o rissole, espetou-o num garfo, saiu à rua e foi à minha casa, tive a honra de ser a primeira pessoa no mundo a experimentar o salgadinho da Edna.

Disse para eu saborear com os olhos fechados e, como uma mãe que alimenta um filho, encaminhou o garfo ao endereço.

Quando mordi, percebi que havia passado no sal, abri os olhos e a vi, parecia uma criança que anseia pela nota.

Mastiguei aquele quilo de sal, engoli e disse:

_. Esse é o melhor de todos os rissoles que eu tive a honra de experimentar.

Sobre a sinceridade...ela é uma arma que só se usa contra os inimigos, para preservar uma grande amizade temos que mentir e consumir muito sal.

Essa moça é uma das melhores quituteiras do planeta

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Comentários (1)
Postado 13/02/21 18:50

Essa foi uma linda lição sobre a sinceridade.

Acredito que ser sincero com as pessoas que amamos é um ato de amor. Mas ao mesmo tempo, dependendo da sinceridade e da dor que ela possa causar, o verdadeiro ato de amor é dizer essa mentirinha do bem.

Muito bom mesmo, Sr. Nilton!!

Parabéns e um abraço para você <3