Mudo o mundo cinzento
Com o meu penado calar
Pois nada nele há
Senão um astro sussurro
Que de vez é grito de socorro
E d'outras, acusação de absurdo;
É legítimo, entrementes, sujo.
Se dentro...
Lá dentro de meu peito,
Houvesse algo mais puro
Qual uma pérola de pequeno brilho
De certo, ao certo passo em que grito
O mundo tornaria-se menos escuro.
E sem ligações, sem empréstimos,
Sem a piedade dos santos que me julgam
Numa desvairada leveza, descargaria de tudo.
Assim, fujo de meus arcários
Mordazes gananciosos
Que transeuntes não falham
Mas que sempre em perpétuo
Me fazem temer falhar.
Porém se nada deles posso falar,
Então que o mundo ouça o que me resta:
Que o mundo ouça o meu astro sussurro.