Parábola do Capataz
Joalison Silva
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 08/12/20 19:23
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
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Capítulo Único Parábola do Capataz

Para as nossas mentes,

Onde os fracos tentam

Quebrar os mais fortes,

Uma parábola.

Quando ouviu a decisão de morar na chácara mais afastada do velho córrego, onde nada de bom crescia desde os tempos de seu avô, o capataz da Fazenda Fernandes lançou, em palavras, os males do mundo contra seu único filho, já pela maldade do mundo coxo das duas pernas e meio cego de um olho.

De menino, numa época em que se esperava a morte, ele vivia colado à saia da mãe, que, contudo, morreu ainda na mocidade dos vinte e cinco anos deixando o marido com um menino fraco e um terreno bom, mas o primeiro minguou o segundo e nada saiu do roçado naquela safra nem no ano seguinte.

O pai obrigado a cuidar da criança, que os infortúnios do mundo deram e negaram a devolutiva, desistiu da chácara e virou um simples lavrador na fazenda acima do córrego. Não muito depois, casou-se, mas da nova esposa, filha de um amigo, as crianças nasceram mortas e até ela quase seguiu o caminho dos filhos e o capataz ainda menino viu seu pai aceitar o destino que Deus em sua crueldade lançava e pedir a anulação do casamento

Ao contrário, o capataz, realizado de seguir a doutrina régia herdada do pai, viu seu único filho já homem feito, um homem débil, verdade, frágil e dono por direito de todos os sinônimos existentes da incapacidade, e dos inventados, flácil, mirrado, enternecido, pedir a filha da filha da madrinha de sua mãe para casar-se, e viu a moça rir, e o infeliz insistir, fraco como era adquiriu a rejeição como amante e nem os melhores conselhos fizeram-no mudar de idéia.

Por milagre, a mulher cedeu à insistência e sabe-se lá Deus o porquê, pois o divino agiu naquele destino, casou-se com um homem frágil como capim seco, coxo das duas pernas e meio cego de um olho. E os dois decidiram em comum acordo partir da fazenda para testar a vida na chácara abandonada, e o maldizer fora lançado, como já dito, mas foi o capataz quem ainda naquele ano, perseguindo um fugitivo da fazenda, cairia do cavalo e perderia a firmeza das penas.

De tanto desgosto, escreveu numa carta o arrependimento de nunca ensinar o filho a ser forte, como seu pai o ensinou, e, por fim, o capataz da fazenda renunciou a própria vida.

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Apreciadores (2)
Comentários (1)
Postado 04/09/21 11:55

Olá, Sr. Joalison!

Tive que ler três vezes para pensar que havia entendido, mas, sou uma pessoa um tanto lerda, e me perdi em divagações em cada leitura. E eu gostei disso.

Acho que ao longo do texto somos realmente confundidos sobre qual dos homens está sendo falado, justamente porque todos eles são tristes e desgraçados em suas existências. Para mim essa parábola é sobre a ciclicidade da vida e das tragédias humanas.

Mas como eu já disse, sou um tanto lerdinha, e também sou ruim de interpretação...

Mas de qualquer modo eu amei poder fazer essa leitura, que me deixou pensante!!

Um grande abraço <3

Postado 17/09/21 22:12

Wow, sua interpretação não só foi excelente como também me mostrou uma face do texto que nem eu mesmo conhecia, e isso é incrível. A minha ideia inicial gira em torno do "não é porque alguém diz que somos incapazes que realmente somos", o capataz aprendeu com o pai a desacreditar em si mesmo e tentou impor o mesmo no filho deficiente (a ciclicidade que você citou), mas ele felizmente era diferente do pai, correu atrás dos seus objetivos e teve o éxito merecido, essa era a minha auto interpretação, agora ela mudou e está bem melhor. Muito obrigado pelo comentário.

Até a próxima