O Raio de Zeus
Silva
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 26/11/20 10:54
Editado: 26/11/20 10:58
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 8min a 11min
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Palavras: 1333
Não recomendado para menores de catorze anos
Notas de Cabeçalho

Escrito para o desafio de mitologia do Inkspired.

Posto minhas histórias lá com no user Silva.

Capítulo Único O Raio de Zeus

As constelações adornavam o profundo azul enquanto a cintilante lua cheia alumiava a escuridão. Ponderou que Artémis ficaria orgulhosa pelo corpo celeste que encantava crianças, abençoava as mulheres e guiava os homens. As noites sempre lhe foram contemplativas embora não somente os astros noturnos enchessem seus olhos.

A brisa embalava seus cabelos negros numa dança suave. O constante crepitar das calorosas chamas de Héstia realçava o brio em seu olhar castanho diante da fogueira. Ali, Anne ouvia atenta e radiante as histórias do velho Bill.

Cabelos longos e brancos lhe cobriam a cabeça bem como uma espessa barba sobre o rosto marcado com algumas rugas do tempo. O velho se dizia um antigo marinheiro vindo da longínqua Creta na Grécia.

Também revelou que havia velejado por todos os oceanos e até conhecera o próprio Poseidon durante suas viagens. Muitos duvidavam de suas histórias. Até mesmo Anne pensava que ele devia exagerar nas aventuras como todo bom marinheiro, no entanto, ela sempre gostou de ouvi-lo. Bem apessoado e simples, suas mãos calejadas agora executavam o ofício da carpintaria. Estas mesmas mãos também iam de um lado para o outro, para cima e para baixo com suas fervorosas narrações. Anne conhecia as histórias mais famosas. Os deuses do Olimpo, o senhor do Tártaro, o vasto bestiário e bem como Zeus e seus filhos valorosos. Quem não se encantaria com os feitos de Perseu, Hércules, Aquiles e tantos outros? Todavia, havia algo que Anne desejava saber.

— Me conte Bill, como tudo isso começou? De onde vieram os deuses e seus poderes? — Bill ouviu a pertinente indagação com um sorriso e levou o olhar para o céu estrelado pouco antes de contar-lhe a história.

— Na aurora dos tempos e estações, antes de todo bem e todo mal, e mesmo antes dos deuses do Olimpo reinarem em exultante glória... Tudo que existia era o Caos. Um ser primordial que deu origem à Gaia, a Mãe-Terra. A deusa criou Urano, o deus dos céus. Ao unirem-se, Gaia concebeu a dezoito filhos. Os doze primeiros foram chamados de Titãs. Seus Seis meninos e seis meninas de grande beleza e poder. Além destes, seus outros seis irmãos eram de espécies distintas. Gaia gerou três gigantes que possuíam apenas um grande olho em suas faces, estes eram os ciclopes. O outro trio era formado por hecatonquiros, seres monstruosos que tinham cem braços e cinquenta cabeças.

No entanto, Urano temia que seus filhos se tornassem mais poderosos e viessem a tomar seu lugar como soberano do Universo. Assim que Gaia dava a luz, o deus dos céus os devolvia ao útero. Nas profundezas da Mãe-Terra imperava uma dor terrível, aquele lugar foi chamado de Tártaro. Farta de seu sofrimento, Gaia tramou uma vingança contra Urano através de seu filho mais novo, o titã Cronos, o deus do tempo.

Este recebeu dela uma grande e afiada foice. Com a arma em mãos, Cronos decepou os testículos de Urano, cujo sangue foi derramado por toda a Terra. Assim começou a era dos Titãs e o domínio de Cronos. Além do próprio, seus irmãos eram: Oceano, o titã que gerou rios e mares. Crio, o titã do inverno. Ceos, o titã da inteligência. Hipérion e Téia, titãs da luz solar que tiveram três filhos: Hélio, o sol, Selene, a lua, e Éos, a aurora.

Jápeto, pai de Atlas e Prometeu. Febe, a titânide da luz lunar que gerou Leto, mãe de Artémis e Apolo.

Tétis, a titânide da fertilidade, Têmis, a da sabedoria, Mnemosine, a da memória, e Réia, que se tornou esposa de Cronos.

No entanto, após tempos de paz e prosperidade, Cronos tornou-se o reflexo de seu pai: um tirano. O titã vitorioso recebeu uma profecia de seu pai assassinado. Assim como um dos filhos rebelou-se contra Urano, o mesmo aconteceria com Cronos. Temendo tal profecia, sem hesitação o titã engolia os próprios filhos ao nascerem. Réia estava grávida novamente e sabia do cruel destino que aguardava a criança. Concebeu um menino e para livrá-lo, entregou-o aos cuidados das ninfas. Réia levou até Cronos rochas envoltas num tecido, como se fosse um bebê. O poderoso titã engoliu as pedras de uma vez pensando ter se livrado de seu filho recém nascido. Aquele menino recebeu um nome: Zeus.

Quando tornou-se homem, Zeus estava determinado a libertar seus irmãos e vingar-se de Cronos. Pediu ajuda ao titã Oceano que lhe concedeu uma poção. Disfarçou-se de serviçal e ofereceu a poção ao seu pai dizendo ser um saboroso néctar. Quando Cronos bebeu a poção, vomitou todos os filhos do seu ventre. Poseidon, Hades, Héstia e Démeter.

Ao libertar seus poderosos irmãos, o confronto entre Zeus e Cronos era inevitável. Deu-se início à Guerra dos Titãs, a Titanomaquia.

Tal como o Céu era longe da Terra, assim era o Tártaro para Zeus. A morada dos mortos e condenados, um lugar nefasto que exalava dor e tormento. O último filho de Cronos passou pelos portões da longa muralha de bronze a qual ninguém podia escalar. Morte e enxofre adentraram em suas narinas. Seu cabelo alvo e seu manto de linho contrastavam com as trevas ao redor. A escuridão cobriria tudo se não fosse pelo denso rio de fogo que corria o submundo: o rio Flegetonte.

— As bestas dos oceanos me parecem mais convidativas. — Zeus ouviu uma voz familiar e sorriu antes de virar-se. De pé, um homem de armadura prateada cruzou os braços. Olhos azuis e profundos como o mar adornavam a barba dourada sobre seu rosto. Poseidon atendera seu chamado.

— Nossa vinda até aqui não será em vão. Calma irmão, Cronos terá o que realmente merece. — Zeus levou uma mão até o ombro direito de Poseidon, que anuiu com a cabeça. Os dois seguiram caminhando por entre o solo rochoso e a fumaça da lava que borbulhava como um grande caldeirão. Pouco depois, viram um trono de ossos rodeado de mortos. Sobre ele estava assentado um homem. Não havia barba em seu rosto. Trajava uma longa capa, um manto e um capuz. Tais vestes eram negras como a noite de Nix, e ele abriu um sorriso ao vê-los enquanto segurava uma caveira em sua destra.

— Hades… — Zeus reconheceu seu outro irmão e concluiu surpreso: — Achei que não viria.

— Refleti um pouco e me pareceu uma ótima ideia. Além do mais, o lugar é um tanto… — Hades largou o crânio no chão e concluiu: — Aconchegante. — Juntos, os três irmãos caminharam até os três ciclopes que Cronos havia aprisionado. Gigantes colossais condenados eternamente ao jugo de dolorosas correntes.

Os filhos de Cronos uniram forças e desferiram golpes únicos que fragmentaram os grilhões como se fossem vidro. Gratos por sua liberdade, os ciclopes lutariam ao lado dos deuses irmãos contra o seu pai tirano. Das mãos dos ciclopes Zeus recebeu o Raio que ressoaria no Olimpo, Poseidon o Tridente que comandaria os oceanos e Hades o Elmo do Terror que lhe concederia o poder da morte e da invisibilidade.

E assim começou uma guerra avassaladora entre os titãs liderados por Cronos e os deuses sob o comando de Zeus.

Olhos em ardentes em brasa, cabelos escarlates e mãos elevadas ao céu. No fronte dos deuses, uma mulher de manto carmesim lançou o primeiro ataque. As labaredas correram pelo campo de batalha como se trouxessem o próprio Tártaro para os Titãs. Mas mesmo as poderosas chamas de Héstia não seriam suficientes para deter Cronos. Por entre as chamas, Hades surgiu com seu elmo negro, trazendo a morte no ápice de sua lança. Hecatonquiros perdiam braços e cabeças diante da força do deus do submundo. Os Titãs lançavam montanhas inteiras contra os deuses. Torrentes furiosas emergiram quando Poseidon ergueu seu tridente, levando alguns para as profundezas. E naquele momento, a terra estremeceu e no céu enegrecido uma luz resplandeceu. A eletricidade azulada marcava seus olhos. Por entre trovões e relâmpagos, ele voou até o campo de batalha lançando contra Cronos um estrondoso golpe. Aquele raio azulado definiria o mundo dos deuses e dos homens para sempre, pois ele, era o raio de Zeus.

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