As pontas estavam danificadas, precisavam ser aparadas. A raiz, já não mais era a mesma, estava escura, amarga. Pontas duplas, quebradiças, estraçalhadas. Era isso, era o fim. Eu precisava apará-lo, peguei a tesoura e caminhei rumo ao espelho.
Me assustei com o que vi. Por cima de meus ombros o cabelo pesava, junto da história de vida a qual carrego. A raiz amargurada, clamava e pedia por luz, a raiz gritava pelas pontas duplas. Isso só nos lembrava de todas as duas faces que conhecemos durante o caminho da trança. Então, decidi. Eu precisava mudar o rumo.
Peguei a tesoura e cortei tudo, todas as duplas [faces e] pontas, cortei todos os nós do passado, mas também pintei. Pintei a raiz e, então, se fez luz.
Diante da minha nova imagem criei uma nova história, o passado continuou ali: junto das pontas. Mas ele já não mais fazia parte de mim, agora era apenas isso: passado. Era só isso, história que, hoje, ficou para trás.
No chão.