Minha mente é um labirinto,
Cujas memórias são paredes de vidro quebrado,
E os fragmentos foram espalhados por um destino sádico.
De vez em quando, ao fechar os olhos,
Na calada da noite eu entro nesse labirinto rachado,
E seguro entre as minhas mãos trêmulas um pedaço de vidro quebrantado.
Neste pedaço eu vejo um rosto angustiado,
Com seus olhos desesperados, implorando pela minha segurança,
Tento com todas as minhas forças,
Encontrar respostas em algum pedaço que complete essa lembrança.
Mas como encontrarei a peça que se encaixa nessa imensidão de memórias opacas?
A minha busca pelo passado resultou no sangue em minhas mãos,
Causado pelas pontas das memórias dolorosas.
O sangue percorre por entre meus dedos,
Contornando a ferida e criando um caminho
Vermelho até um pequeno amontoado
De lembranças rachadas.
Com as mãos feridas eu toco os pedaços afiados de memórias,
E contemplo meu eu mais jovem sorrindo ao lado de um garotinho,
Um amigo.
Meu coração se alegra ao ver que, embora eu me considere solitária,
Nunca estive, de fato, sozinha.
Todavia, o caminho vermelho me guia novamente,
Para mais um fado proeminente,
Essa, é uma memória mais recente.
O meu amigo de infância aparece novamente,
Porém, desta vez, há algo diferente; Algo me perturba,
Ele não é mais o mesmo, isso eu posso afirmar.
Há sangue em suas mãos e sadismo em seus lábios;
Traços esguios e olhos vazios.
O fragmento corta mais e mais a palma da minha mão,
Me forçando a abrir os olhos e sair do labirinto.
Dou graças aos céus em silêncio,
E para mim balbucio,
Que tudo o que vi era apenas o fruto,
De um tolo tormento.