Dura e fria como pedra, pensamentos sombrios e negros como uma Ônix.
Por anos isso me definiu e por quê?!
Porquê o ambiente tem o poder de moldar as pessoas, principalmente aqueles que são mui jovens e despreparados para as agruras da vida...
Às vezes a aparente frieza, nada mais é do que uma defesa frente ao medo do imenso mundo que nos cerca.
Outras tantas o olhar duro, o rosto carrancudo, são escudos, por vezes utilizados para esconder a fragilidade do ser...
Aprendi a duras penas que sinceridade e espontaneidade não tinham lugar no mundo adulto, principalmente nos primeiros anos...
Quantas pancadas levei até entender que para a geral, a opinião que te solicitam não é a sua, mas sim o acorde daquilo que seu interlocutor almeja...
E fui me fechando, e fui esfriando e fui vestindo uma dura armadura que pela convivência com outros dia a dia me foi sendo imposta...
Numa primeira impressão dificilmente alguém puxa conversa: "nossa, ela é muito séria", " nossa, ela é muito brava", "ah, eu não tenho coragem de pedir nada não, pede prá mim vai..."
Confesso que foi bem confortável e me livrou de muitos inconvenientes deveras...
Entretanto, quem se achega e conhece, quem para e se detém...
Esse sim, conhece a essência da Ônix: carinho, cuidado, proteção, às raias do autosacrifício, outro extremo que também não era bom...
Graças a Deus pela maturidade, pela idade, pelo correr dos anos e pela experiência, esses sim permitiram deixar a Ônix para trás e buscar o equilíbrio e a leveza!
Os anos vividos são graciosos, pois te permitem ponderar, julgar e compreender melhor cada ação e até algumas intenções por detrás destas e assim te permitem ora ser pedra, ora ser dura e sombria, ou tantas outras vezes ser luz, ser vida, ser proteção e amparo.
Na vida, tudo vai ficando mais claro, quanto mais caminhamos para o fim de nossa existência...
Queria viver até os sessenta, menos de vinte até lá, que sejam bem vividos, com graça e doçura, sem amargura, pois o contentamento vem de viver intensamente um momento chamado hoje!