Sentada no chão, a pequena criança observa uma mulher vestida de branco flutuar acima da cadeira. Ela havia acordado naquele lugar estranho e encontrou aquela imagem curiosa diante de seus olhos. O corpo da mulher girava lentamente, enquanto a menina balançava a cabeça da esquerda para a direita, tentando manter seu corpo ativo perante aquilo que estava diante de seus olhos. Certamente ela não entendia — tal descoberta só aconteceria aos dez anos, cinco anos depois desse acontecimento —, por isso, ela se levantou e começou a girar em volta da mulher, enquanto falava:
— Como é que você prendeu o pescoço aí em cima? — A menininha puxa a barra do vestido da mulher, notando que a mesma se encontra com os olhos fechados. — Oh, desculpa, viu, dona moça... Não sabia que você estava dormindo… A mamãe diz que uma música de mimir tira os pesadelos. Vou cantar para você…
E a menininha, desentendida, passa a dançar lentamente em torno da mulher pendurada por uma corda, cantarolando “la la la Luce”.
Subitamente, a porta do quarto se abre. A garota se assusta.
— LUCE! Graças a Deus você está bem! — A mãe da menininha corre na direção da mesma, abraçando-a. O pai dela entra logo em seguida.
Vários policiais se aglomeram no local. Luce, surpresa, pergunta:
— Por que tanta polícia?
— Ah, Luce! Nós avisamos que você não pode falar com estranhos. Olha só o que aconteceu! — Repreendeu o pai, com lágrimas nos olhos.
Luce arqueou as sobrancelhas e respondeu:
— Mas a moça me colocou para dormir e ela dormiu lá em cima. Não teve maldade! — Ela aponta para a mulher vestida de branco pendurada.
A mãe solta um grito de horror. O pai abraça ambas com força. Luce ouve um policial dizer em seu rádio:
— A garota foi encontrada, mas a mulher está morta. Sim… Ela cometeu suicídio na frente da criança…
Luce agora estava no colo de seu pai, sendo conduzida para fora do quarto. Sem ter tempo de perguntar ao pai o que era suicídio, a menininha acenou em direção ao corpo da mulher, porque, sentada na cadeira, estava a mulher do pescoço torto, acenando de volta para ela e dizendo:
— Obrigada por me fazer companhia.