Ecos Poéticos
Sabrina Ternura
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 30/10/20 02:21
Editado: 12/05/21 21:15
Gênero(s): Drama Poema Reflexivo
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 5
Comentários: 5
Total de Visualizações: 664
Usuários que Visualizaram: 11
Palavras: 319
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Notas de Cabeçalho

[Sfida Musicale II: 5 - Uma música instrumental]

Música para acompanhar a leitura: https://www.youtube.com/watch?v=EQUzyo8NHes

Capítulo Único Ecos Poéticos

Todos os dias sumo um pouco mais dentro de mim.

Desapareço,

Adormeço…

Como num passe de mágica,

Como se não existisse mais nada…

Sou somente um eco do que um dia fui. Uma voz pequenina, que sussurra no fundo da alma todas as memórias dolorosas vividas em uma tentativa de mantê-las aquecidas no que resta de minha vida. Eu as abraço com tamanha força que o oxigênio ao redor queima em um desesperado ato de não deixá-las desaparecer, pois elas são o fino fio que me ligam à humanidade que ainda vaga em meu coração.

Esqueço,

Esmoreço…

Em lágrimas de fogo,

Enquanto, sutilmente, morro…

Os meus pulmões possuem ar, mas não respiro. Os meus olhos veem, mas não enxergo. O meu corpo se mexe, mas não sou dona de minhas ações. Eu amo, mas não consigo demonstrar. Eu vivo, mas não carrego nada além de morte. Aos poucos, a dor me tornou uma espectadora da minha própria vida. Como uma mera convidada, vejo a morte se tornar proprietária de meu âmago. Essa dor mortal que não me deixa morrer, mas que suga qualquer partícula de vida que passeia pelo meu coração, é como ser a vítima e o carrasco, ao mesmo tempo.

Quero tanto lutar,

Mas não consigo.

Quero tanto gritar,

Mas não consigo.

Quero tanto viver,

Mas não consigo.

As palavras me abandonaram. Me restam somente as fagulhas dos significados do que um dia elas foram… do que um dia eu fui. Criei tantas histórias para ser e(terna), mas tudo o que consegui foi eternizar imensos fragmentos dessa dor que me consome sem me matar.

Desapareço,

Esqueço…

O que era mesmo que eu disse que fui?

Já não me lembro…

Olha, a janela… São duas da tarde…

Olha, a noite… São 2 da manhã?

Desapareço…

Adormeço…

Pois só assim eu me esqueço

Da dor gritante em meu peito…

Eu sou

o eterno

eco

poético

Bem

aqui,

Nestes

versos.

❖❖❖
Apreciadores (5)
Comentários (5)
Comentário Favorito
Postado 01/11/20 21:48

É tão triste olhar para nós mesmos e ver nada além da sombra do que um dia fomos... infelizmente conheço essa sensação e sei o quão devastadora ela é. Resta para nós, artistas, transformar não só felicidades e belezas, transformar as dores e vazios em conforto também. Talvez isso seja o que mais me encanta na arte, tamanha empatia que é colocada em versos, desenhos, partituras e etc.

Ficar interte em relação a si é uma das piores sensações do mundo, ainda mais quando se é uma pessoa cheia de sentimentos e emoções.

Seu texto é muito bonito, tristemente bonito. Retrata uma realidade de pessoas que se sentem dessa maneira e sempre acham que estão sozinhas, é importante saber que nunca estamos. Espero do fundo de meu coração que seja apenas uma fase, que você tire os aprendizados, levante e siga por mais difícil ou impossível que pareça ser.

Parabéns, Sabrina! Que sua arte, até mesmo os ecos, sejam ouvidos por todos!!

:)

Postado 09/11/20 18:20

Fico feliz que tenha apreciado! Agradeço demais por tais palavras e pelos elogios (principalmente vindo de uma autora tão incrível como você).

​Muito obrigada pela presença e comentário, Thais ♥

Postado 30/10/20 20:07

Havia lido pela manhã, mas não tinha conseguido comentar. Foi como uma faca se enfiando no meu coração e arrancando uma fatia fina.

Na verdade eu ainda não consigo. Não consigo comentar... Tem tanto do que me atormenta que eu fico desorientado.

As últimas linhas alocadas na esquerda, uma abaixo da outra, resumiu muita coisa pra mim...

Queria dizer mais, de verdade, mas quando eu me sinto norteado não consigo agir nem pensar...

Postado 31/10/20 17:24

Fico feliz que tenha gostado.

Obrigada pela presença e comentário ♥

Postado 02/11/20 16:00

Esse é daqueles textos que nos levam a mergulhar no nosso próprio reflexo. Será que esses ecos são apenas uma lembrança que hoje nos persegue ?

E para nós, por vezes restam esses versos ordenados, essas palavras que nos fazem rir, chorar e sentir. Parabéns pelo texto, profundo e nos faz pensar em tais ecos.

A formatação ao fim foi um bom toque, a ordem na desordem, talvez isso nos defina.

Parabéns Sabrina! <3

Postado 09/11/20 18:21

É exatamente isso! Fico muito feliz em saber que gostou!

​Muito obrigada pela presença e comentário, moço ♥

Postado 27/10/21 17:26

É impossível ler essa obra sem se identificar com cada parte dela. Você sempre consegue descrever com muita sensibilidade acerca da alma dos leitores.

Parabéns, meu amor :)

Postado 30/10/21 23:18

Me alegra muito saber que consegui te tocar com a leitura.

Obrigada pela presença e comentário, meu amor ♥

Postado 25/02/22 05:35

Na poesia, descobri, realmente temos o controle do tempo. O espaço poético me confunde... bastante, mas você o domina com uma p*** maestria!