Perder-se-iam no amargor dessa paixão regida pelo sofrimento, por promessas vazias sussurradas ao vento na esperança de se concretizarem. Mas em seus interiores a verdade corrompia suas almas: a cumplicidade demasiada que os ligava, Lobo e Lua, levou-os à punição de viverem em planos diferentes, na tentativa de evitar um amor excessivo.
Todavia, a falha estava no pensamento de que a separação física os incapacitaria de amar, pois todo mês o Lobo aguardava e admira pacientemente as quatro faces de sua amada no céu. Entretanto, absorto nessa relação espiritual, há dias em que sua tristeza se torna demasiada, transbordando melancolia e solidão.
Seu canto ecoa por entre as árvores e abismos, na tentativa esvair com sua dor e frustração, pedindo aos céus que intercedessem em seu nome para que, enfim, pudesse viver de verdade ao lado daquela que tem sua admiração;
Mas o destino é um carrasco sórdido que brinca com a mente dos apaixonados, fazendo-os acreditar em uma utopia e afastando-os da realidade. Cria-se cicatrizes no âmago; uma dor que nunca será passageira. Mas o amor deles é infinito em sua plenitude.
E por isso todo mês o lobo chora por um amor que nunca irá tocar ou ter.