Os sapatinhos de Meiling batiam freneticamente na rua de paralelepípedos, ela corria daquela coisa horrenda que parecia ser muito mais rápido do que ela...
Seu coração estava acelerado, tão acelerado que pensou que fosse desmaiar. Um suor grosso escorria por entre seus cabelos finos e lisos, seus óculos já embaçavam por causa da corrida, para dificultar, ela ainda estava usando máscara.
Desistiu da máscara ensopada, já inútil - e atirou-a longe, foda-se pandemia - o que estava vindo era muito pior, parou um milésimo de segundo para respirar, mas então, ouviu o som craquelado daquilo se aproximando, já tropeçando ela pôs-se a correr novamente.
Durante a corrida, perdeu os documentos, papéis da escola e a bolsa, mas, estaria prestes a perder algo mais...
Sem que ela pudesse escapar de seu fim, abruptamente aquilo saltou bem à sua frente.
A moça magrinha, caiu de joelhos, esperando pelo seu fim certeiro, quando percebeu que as longas pernas da criatura se esticaram por sobre ela, como quando alguém estica um pedaço de chiclete mascado, coisa horrível de se ver... A criatura possui ossos? Músculos...?
Impossível saber.
Meiling ficou estática, em prantos no meio da rua, vendo de longe a criatura desaparecer, suspirou aliviada, enfim. A criatura, graças ao universo, não estava furiosa com ela, mas com absoluta certeza, iria atrás dos outros criadores... Yvi, Sabrina, Manoel, Joi, Lúcia, Pam, Ana... E todos que participaram da criação perversa.
Não há saída.
Enquanto ainda suspirava com dor nos pulmões e joelhos, suas costas foram iluminadas por faróis, não houve tempo para a miudinha sair do meio da rua, quando percebeu, o enorme caminhão blindado, com a logo do laboratório, já havia esmado seu belo corpinho, o sangue borbulhou de seus orifícios aos socos, o caminhão, pilotado pelos outros cientistas, nem percebeu o ocorrido, estavam atrás da coisa enfurecida.
Meiling, esmagada até o dorso, morreu aos poucos e sozinha, na noite fria de 24 de outubro, daquele ano.