Sob uma fumaça colorida, brilhavam suas pupilas dilatadas e o anseio por uma alegria falsa que julgava transbordar até das rachaduras das paredes.
Em seus braços tatuados, as diversas tintas neon brilhavam e atraiam olhares. A música estrondava em seus ouvidos. Em seu copo, também brilhante, havia ainda um restinho de algo que ela já nem mais sentia o gosto e muito menos sabia o que era. Talvez água ou talvez vodka.
Seu corpo balançava vagarosamente ao som de uma música eletrônica. Sua mente julgava as batidas rápidas e agitadas como uma valsa. Em seu cérebro rodava a vontade de voar e o anseio por mais um beijo na boca. Sua libido estava exaltada, como se tivesse tomado um estimulante sexual. O cheiro que agraciava seu olfato a instigava como uma felina.
Os diversos tipos de sensações que ocorriam em seu corpo a faziam se confundir sobre sua real personalidade. Nada disso era ela, nenhum de seus pensamentos era realmente seus. Ela estava mais do que sob o efeito; mais do que influenciada. Era a própria alucinação de uma noite.
Sob o véu de seus cabelos de fogo, transformados pela sua imaginação, habitava a garota certinha, porém vazia, que ansiava por um propósito; por mudanças. E ali ela encontrou mais do que o seu propósito falso, achou falsas vontades e felicidades. Incompreensível para todo e qualquer um que não ouvisse a música e dançasse no mesmo tom. Incompreensível para quem ainda conseguia enxergar o mundo monocromático. Ali ela encontrou sua morada.
A boca seca trouxe-a de volta, fazendo seu estado de espírito perder as coloridas cores que foram adquiridas.
Olhou para o ambiente escuro, que era seu quarto e as sensações foram desaparecendo uma a uma, deixando apenas o doce gosto de mais um sonho.