A Senhorita Bal Bal
vhladrac
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 18/10/20 22:11
Editado: 18/10/20 23:30
Avaliação: 9.72
Tempo de Leitura: 5min a 6min
Apreciadores: 7
Comentários: 7
Total de Visualizações: 1102
Usuários que Visualizaram: 13
Palavras: 818
Não recomendado para menores de catorze anos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2020, indicada na categoria Fantasia.
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Notas de Cabeçalho

Oi gente!

Espero que gostem desse pequeno conto de suspense!

Boa leitura!

:)

Capítulo Único A Senhorita Bal Bal

Uma vez por mês, a senhorita Prince cuidava dos gêmeos Clinfford. Os dois garotos eram quietos e obedientes, iam para cama no horário certo e só saíam ao amanhecer, quando os pais já estavam em casa. Naquela noite em específico o jovem Finn acordou assustado após um pesadelo, havia enfrentado um grande lobisomem em seus sonhos e ficou triste ao lembrar que sua mãe não estava em casa naquela noite para lhe consolar e levar o medo embora. Ele olhou para cama onde o irmão dormia tranquilamente, Steve tinha o sono pesado e não acordava por nada.

Quando noites como aquela aconteciam, mamãe sempre preparava um copo de leite quente para ajudá-lo a dormir novamente, dessa vez teria que fazê-lo sozinho. Assim que o liquido ferveu, o colocou em um copo e andou silenciosamente até as escadas, parando ao ouvir os estranhos passos que vinham do lugar proibido. Finn era o irmão curioso, o que sempre estava em encrencas, então honrou seu título e foi como um gato sorrateiro até o local, se escondendo atrás da grande porta de aço que dividia os cômodos.

Papai sempre lhe disse para passar longe dali, era um lugar que crianças não podiam ver e nem chegar perto, Steve disse que muitos fantasmas dormiam ali. Sua visão estava embaçada pois havia esquecido os óculos em seu quarto, mas conseguiu distinguir a silhueta da senhorita Prince abrindo um estranho quadrado metálico na parede, assustado, pôde ver a sombra de um corpo deitado, coberto com algum tipo de tecido branco. Sabia que papai trabalhava ajudando pessoas que perdiam membros da família, mas porque ele tinha um estoque de mortos no lugar proibido?

A babá, que não havia notado sua presença, retirou a parte superior do crânio do defunto com facilidade, fazendo um barulho que Finn julgou ser um riso, e pegou o cérebro gelatinoso com ambas as mãos, o levando até a boca e comendo como alguém que não comia há dias. O menino fez uma expressão de desgosto ao entender o que estava acontecendo, ficou ali até a moça terminar sua refeição – seu pai sempre disse que a hora da refeição era uma hora sagrada – e deixar o corpo do jeito que o havia encontrado, ela lambeu os dedos sujos de sangue espeço.

– Senhorita Prince, o que está fazendo aqui? Papai disse que esse lugar é proibido – disse ele ao ver que ela já havia terminado. – Tem comida na nossa geladeira se ainda estiver com fome.

– Ah, querido! O que está fazendo fora da cama? – perguntou ela pegando uma flanela e um vidro de álcool. – Sabe que não pode sair do quarto depois das dez! – disse com tranquilidade.

– Tive um pesadelo, só consigo dormir em noites de pesadelo depois de um copo de leite quente, é o que a mamãe sempre faz – disse coçando os olhos, a visão turva já estava o incomodando. – O que estava fazendo com aquele fantasma?

– Estava ajudando o pobre homem, sabe que eles ficam sozinhos depois que morrem – disse ela terminando de limpar e jogando a flanela no lixo. – Seu pai pediu para que eu o ajudasse, mas não pode contar para ele se não ele saberá que entrou no lugar proibido!

– Mas isso faz bem para o bebê? – perguntou apontando para a barriga de alguns meses da moça.

– Claro, querido! O cérebro é a parte mais cheia de nutrientes de qualquer ser vivo, vai ajudá-lo a nascer forte e saudável como você e seu irmão!

Ela o levou até o quarto e o colocou para dormir de novo, cantou pela milésima vez a canção que era sua válvula de escape. Riu enquanto descia as escadas, crianças sempre tinham as melhores e mais inesperadas reações. Quando Steve a descobriu, teve que correr e tampar-lhe a boca pois ele começou a gritar assustado, quando conseguiu o imobilizar, cantou-lhe a canção e o levou para cama. Eles eram a família perfeita para ela, além dos corpos no necrotério, não possuíam medo dos mortos pois haviam crescido na realidade mórbida da funerária Clinfford.

Tudo o que ela precisava era de uma grande refeição periodicamente, logo estava renovada e pronta para procriar. Toda manhã, antes dos pais chegarem, cantava novamente para se certificar que as crianças haviam se esquecido dos acontecidos e, quando os acordava e via nos pequenos rostos a felicidade de encontrarem a senhorita Prince, sorria e ia embora, pensando em como seria o flagra do próximo mês.

Ela então correu para o meio da floresta, sentindo os ossos começarem a se torcer e rasgarem-lhe a pele das costas, a transformação era sempre dolorosa. Os cabelos escuros caíram de sua cabeça revelando a pele estranhamente rosa, os braços ficaram mais longos e magros, com as unhas longas e pontudas; depois da dor ela rastejou lentamente com as asas doloridas demais para voar até a toca no grande carvalho, onde se escondia todo mês enquanto aguardava o chamado do senhor Clinfford.

❖❖❖
Notas de Rodapé

O Bal-bal é um monstro filipino que se alimenta dos mortos, algumas versões dessa lenda contam que, o monstro possui o poder de assumir a forma humana e hipnotizar as pessoas para atacar e assim se desfrutar de uma bela refeição.

Espero que tenham gostado!

Gratidão!

:)

Apreciadores (7)
Comentários (7)
Comentário Favorito
Postado 17/11/20 21:01

Ooowwnnt que gracinha * --- *

Se eu disser que amo os seus textos, eu vou estar mentindo, porque eu mais-que-amo os contos que você escreve, senhorita Thaís!!

Que clima maravilhoso foi esse que você construiu para essa história!!

Quase dei um grito de empolgação quando a babá foi descoberta comendo o cadáver hahahahahaha, isso foi incrível demais!!

E o final da história foi mais incrível ainda, pois descobrimos que isso era algo recorrente, e que a babá não era humana, e conseguia hipinotizar os gêmeos para eles sempre se esquecerem de suas descobertas!!

Parabéns, querida senhorita, por mais este conto maravilhoso!

Um grande abraço <3

Postado 29/11/20 18:21

Como fico admirada com um comentário desses! É muito bom saber que gosta dos contos, senhorita! Os escrevo com muito carinho e é extremamente gratificante ler seus comentários!

Hahaha senti que faltava algum ser comedor de cérebros em meus contos mas não queria apelar para os zumbis!

Agradeço de todo meu coração, senhorita Mei!

Toda a gratidão do mundo para você!

:)

Postado 18/10/20 22:23

No princípio da leitura pensei que seria uma obra semelhante ao que foi "a volta do parafuso", um livro muito bom.

Mas não. Foi melhor. Bem mais meu estilo.

Eu pensei que haveria algo como wendigo ou ghoul lendo a parte do flagra em diante. Até mesmo algo como Frankenstein. Mas... Mas não. Foi, como eu amo, um texto mais aproximado do terror de monstro. Um subgênero que eu adoro. Aquele tipo de filme gostosinho de assistir de noite.

Obrigado. Tenho caçado textos por todo site. Foi bom ler um mais recente, pra revigorar. Aliás, muito bom pegar um monstro desconhecido. Pelo menos pra mim. Foi bom mesmo.

Faz mais quando puder. Por favor.

Postado 19/10/20 01:09

Muito obrigada, Aristeles!! Fico muito feliz em te ver por aqui novamente!

Nunca ouvi falar desse livro, irei procurar!!

E, poxa, fico feliz de verdade! Muito bom saber que você gostou e pode deixar que procurarei trazer mais criaturas "novas" e desconhecidas por aqui!

Eu que agradeço demais por suas palavras e apoio de sempre! Muito obrigada mesmo!!

Prometo trazer mais textos semelhantes!

Gratidão!!

:)

Postado 19/10/20 20:53

Que obra explêndida! A genialidade na qual a temática principal foi desenvolvida é incrível e muito bem construída, provando o quão talentosa é essa autora. O monstro usado era desconhecido para mim e fiquei feliz por conhecê-lo atrás de sua obra.

Obrigada por compartilhar conosco!

Parabéns, Thais ♥

Postado 25/10/20 21:19

Obrigada, Sabrina!!!

Confesso que não queria postar por medo de ser uma criatura desconhecida, achei que algumas pessoas não iriam gostar, mas me surpreendi! Pretendo trazer mais alguns seres estranhos por aqui!

Muito, muuito obrigada!!!

Gratidão!

:)

Postado 23/10/20 01:02

Que texto incrível!

A narrativa me lembrou bastante o conto da Outra mãe e A Volta do Parafuso. Muito bom <3

Parabéns!

Postado 25/10/20 21:21

Muito obrigada!!!!

Fico muito feliz em saber que você gostou!

Obrigada pelo carinho!!

Gratidão!!

:)

Postado 22/10/21 12:56

Sua escrita é excelente, e a trama cativante. Muito bom!

Postado 28/10/21 23:08

Simonton!! Como é bom te ver por aqui, fico muito feliz!!

Muito obrigada pelo apoio e carinho de sempre, espero que você goste da Academia, tem obras muito boas por aqui!!

Gratidão! <3

Postado 27/10/21 17:03

Bacana demais como você usou esse monstro. A narrativa é cativante e surpreendente!

Congrats!

Postado 28/10/21 23:09

Muito obrigado!! Fico feliz em saber que você gostou!! Foi um pequeno desafio pois era um monstro novo para mim, mas que bom que deu certo!!

Gratidão!! <3

Postado 31/10/21 15:59

Ótimo texto, Stardust! Fiquei até meio chateado quando vi que tinha terminado de ler, a leitura fluiu tão rápido... A atmosfera da narrativa me lembrou da vez em que fui visitar alguns parentes quando eu era criança e tive a leve sensação de que estava numa casa assombrada, com direito a Bal-bal andando pelos corredores à noite e fazendo sabe lá deus o quê.

Muito bom!

Postado 16/06/22 23:06

Muito obrigado, Holzwarth! Fico extremamente feliz! Fiquei um tempinho sem escrever mas pretendo trazer mais contos desse tipo!!

Gratidão! <3

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