Ela me observa todas as noites com seu véu,
com a cabeça coroada de prata,
ela me dá visões do céu,
estática, impassível,
observo a morte dançar,
pelo meu quarto, ouço sua voz sombia gargalhar.
A morte no entanto,
me deu uma dose de paz,
veio bem na hora em que eu não aguentava mais,
e com um sopro profundamente gélido,
começou a cantar:
E a batalha continua (Shala)
E o amor que você sentiu (Shala, Shala, Shala)
Estarão aqui quando você for embora (Shala, Shala)
E as músicas que você cantou (Shala)
E as palavras que você expressou (Shala, Shala, Shala)
Estarão aqui quando você for embora (Shala, Shala)
Seus longos dedos, senti, por meu rosto deslizarem,
permaneceu bem ali, até meus olhos desligarem,
com uma suave lambida, limpou minha visão,
o véu rubro me cobriu, com extrema emoção,
então me inflamei, para o outro lado atravessei,
em uma parede de espelhos observei,
tudo o que já ousei ver.
A morte, coroada, dançou para mim,
o véu no ar tornou-se um mar de chamas sem fim,
ela gentilmente convidou-me a banhar,
com um sorriso torcido, eu não pude recusar.
E as batalhas que eu tive,
poeira;
E o amor que eu senti,
poeira;
E as músicas que eu cantei,
poeira;
e as palavras que eu disse,
poeira;
com um sopro eterno, espalhadas
pelas areias mórbidas do tempo...
E à imensidão inexistente,
finalmente retorno...