O cheiro de sangue lhe embrulhou o estômago por um momento, mas logo colocou-se a mover os corpos novamente. Eram pesados e requeriam tremendo esforço, mas com sua ira poderia carregar toneladas por quilômetros.
Conforme olhava os rostos desmaiados, sentia sua raiva aumentar ao lembrar-se de seus pais, eram como eles, tratavam os filhos como nada e se vangloriavam em cima disso. Os arrastou por longos metros e chegou até o local que decidiu ser seu palco, já havia deixado as grandes varas de madeira afiadas, logo as colocou paralelas na estrada e não demorou a pegar o primeiro corpo.
A mulher ainda estava desacordada, sua respiração era leve e sutil. O assassino a pegou com facilidade mas sofreu um pouco para perfurar o corpo e pendurá-lo, ela logo acordou e tentou gritar, mas a madeira que lhe atravessava a boca a silenciou enquanto a engasgava com a ajuda de seu sangue. O mesmo foi feito com o rapaz, ele se contorceu mais enquanto o corpo deslizava na grande estaca, os olhos esbugalharam enquanto ele tinha sua última visão do céu e do luar mas mal pôde prestar atenção nos mesmos pois o sangue que espirrava por sua boca logo atingiu sua visão.
Quando terminou o que chamou de sua primeira obra de arte, sentou-se e observou os corpos já sem vida dando pequenos últimos espasmos. Muitas lembranças lhe vinham até a cabeça naquele momento, aquela era a rua onde havia sofrido por toda sua vida nas mãos de seus criadores. Era uma pequena criança criada por pais violentos e narcisistas, não via outro sentido em sua vida a não ser se livrar de pessoas desse tipo, fazia sua própria justiça para que monstros como ele não existissem nunca mais.
Riu ao se tocar do que havia feito, mais uma manchete para os jornais da década de setenta. Caminhou lentamente pelo asfalto da avenida abandonada até chegar em uma das poças de sangue, levando sua mão até o mesmo e saboreando a vingança, era amarga, mas estranhamente prazerosa. Fazia seu coração bater com mais emoção pois agora havia encontrado seu verdadeiro propósito: mostraria a Bristol a revolta de uma criança e a ira da vingança, seria o justiceiro e faria com que todos pagassem pelos pecados que ele julgava imperdoáveis.
Antes de ir, olhou para a casa que antes fora sua prisão, seu local de sofrimento, já não restava muito da estrutura mas sabia que seus pais eram materialistas o suficiente para estarem ali até mesmo depois da morte e com a mansão aos pedaços. Queria que eles vissem o monstro que haviam criado, queria que eles vissem sua justiça sendo feita e então prometeu colocar todos os pecadores ali, para mostrar o que aconteciam com pessoas como eles.
Depois daquele dia, a cidade de Bristol nunca mais foi a mesma. As manchetes dos jornais falavam apenas do Empalador de Bristol e dos corpos encontrados na abandonada avenida Rocky 91. Mal sabiam eles que os tempos de justiça haviam apenas começado, o assassino não pararia tão cedo, Bristol toda iria pagar por seus pecados.