O ato de colocar flores sobre o túmulo de alguém, pode ser entendido de várias maneiras. Algumas consideram como algo bonito, como lembrar de um parente querido. Outros, podem achar assustador, e até sentem medo de ir ao cemitério. Eu me vejo fazendo parte desses dois grupos, pois acho um ato bem bonito, que mostra o valor da pessoa que se foi em nossa vida, mas também acho que ir ao cemitério vazio, sozinho, é bem tenebroso. Ainda mais agora, nessa noite... Mas, de qualquer jeito, foi culpa minha por me comprometer em fazer isso sempre, mesmo com a cabeça cheia de outras coisas a serem cumpridas.
A noite hoje está bem bonita, com uma bela lua cheia que vai me guiando entre os túmulos. Pensar que isto ocorre, que realmente morremos, dá uma sensação de insegurança, de que realmente não somos tão especiais assim. Já de frente para essa pequena estrutura que simboliza a partida de alguém, eu coloco as flores. Ao completar essa tarefa, começo a sentir um arrepio, como se houvesse caído na realidade. Me levantando, observo à minha frente um cemitério completamente escuro, cheio de neblina e, aparentemente, vazio. O que estou fazendo num lugar desses? O sentimento que parece me atingir agora, é o medo. Olhares de canto do olho para possíveis vultos, começam freneticamente, conforme vou me afastando do túmulo. Com três passos para trás, sinto uma poderosa brisa fria passando por mim. Tremendo, me viro. Eu não vejo nenhum fantasma ou coisa parecida, a única coisa que tem aqui, é a certeza. Eu só consigo perceber, em meio a tantas ideias que se baseiam nisso, o que realmente existe no final das contas... O que existe, é esse fim absoluto para nossa vida.